• Pedras sobre pedras

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  • 16/06/2016 12:00

    Esculturas lindas são feitas por pessoas meticulosas e pacientes. Tenho visto fotos desses trabalhos onde se empilham pedras de diferentes tamanhos, às vezes grandes sobre pequeninas e vice-versa, entremeando-se  em perfeito equilíbrio. A aparência é de uma instabilidade extrema, quando   um mero soprinho poderia derrubá-las, no entanto, permanecem firmes em locais ventosos sem o menor abalo. As fotos dessas verdadeiras obras de arte costumam ser magníficas com mares e poentes ao fundo.

    O que será que elas invocam? Além da beleza, valor inquestionável que toca a sensibilidade de quem a possui, o que mais  traria em seu bojo? A imaginação preenche as várias etapas daquelas construções ao visualizar as pessoas que as produziram e as qualidades que lhes atribuiríamos: dedicação, persistência, auto-confiança, delicadeza… Se alguém se propõe a usar todo o seu potencial numa simples “brincadeira”, o que não faria em relação a um ser humano, seu semelhante?

    Pode ser muita idealização, mas um pouquinho dela traz-nos alento num mundo feroz que mostra, a todo momento, valores deturpados, a vida humana desconsiderada a ponto de alguém sugerir “apagá-la” para que não viesse a trazer problemas aos que a usaram como um objeto inerte à sua disposição; terroristas que perseguem o objetivo de matar o maior número de pessoas, não importa quem, simples criaturas humanas inocentes. 

    De outro lado vemos gestos corajosos como o de Barach Obama ao visitar a cidade destruida por uma bomba atômica americana na ll Guerra Mundial, onde não ficaram “pedras sobre pedras”. Coragem sim, pois ele sabia que sempre existem aqueles que criticam, não aceitam, são contra. Almas mesquinhas  que não se veem representadas por seu presidente, considerando esta visita uma humilhação para o povo americano.

    Ignorando as possíveis contestações, Obama foi além  na  sua missão de reparar, realizando um pedido de desculpas – ato nobre de quem se importa com a desgraça alheia e se propõe a  atenuar a lembrança de tal catástrofe.

    Nobreza de um chefe de Estado – uma das potências hegemônicas do mundo atual – ao pedir perdão por algo que não fez ( não devia ter nascido ainda), mas pela nação  que representa, e nobreza também de quem perdoa, ao reconhecer sua participação no horror que foram as guerras mundiais.

    “Nada do que é humano me é estranho” – afirmação de Menandro, dramaturgo grego, retomada por Freud, com toda razão. 

    e-mail: alicerh17@yahoo.com.br

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