• Para ler em voz alta

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  • 24/10/2016 12:00

    Olha firme nos olhos do espelho. Repete em voz alta até tua alma escutar. Você vai ganhar este dia! Nada poderá te vencer. Nem laço de passarinheiro nem peste perniciosa. Sol ardente não te molestará de dia nem lua fria te afligirá de noite. Mágoa não te afogará, rancor algum fincará raízes. Ardência de terror noturno, você apagará com extintores de salmos. Flechas do inimigo que voam de dia, você usará para palitar dentes após o jantar. 

     Com Deus estás. Melhor: Emanuel, Ele contigo. Não temas olhar de fogo, cara de pedra ou verbo de faca. Você é filho do Rei. Príncipes não abdicam tronos antes da batalha. Então, reage! Sai e enfrenta o teu dia! Pode ser hoje, atravessar o Mar Vermelho. Vai na fé! Hoje, descer colinas e esmagar gigantes. Vai na fé! Que o tremor de lábio que precede vencer o abismo não te imobilize. As quebraduras das pedradas que te acertaram no peito jamais te inviabilizem. 

     Você consegue. És capaz. Os mapas da memória na mesa da batalha, relembre. Deus te amparou em mais agudas escarpas. Deus te conduziu em desertos mais áridos. Você foi sagaz ao rastrear oásis onde só descrença existia. Viu sangrar água na pedra. Colheu o maná da manhã. Levanta. Caminha. Esquece o tropeço de ontem. Não importa a noite de amargo sono. 

    Pouco vale haja horizonte de chumbo. Você vai passar. Houve traição? De humanos, onde a surpresa? Você vai passar. Decepção… Com humanos, o que mais esperar? Deus é quem jamais falha. Ele, que já te deu colo na hora difícil, contigo estará: sombra, escudo, asa, espada e palavra. De Palavra, esse Deus. Então aperta as correias da armadura do espírito, firma a couraça da justiça, calça os pés na verdade e o bom combate exercita. Canta. 

    Cantando é que guerreiros se preparam para a grande luta. Vindo sombras escuras nos caminhos teus, oh não te desanimes, canta um hino a Deus. Canta, guerreiro. Lembra como o mar se revolta mas ondas atendem ao Seu mandar: “Sossegai!”. Sossega. Placidez na hora difícil, tua herança. 

    Repete comigo. Não tenho ouro nem prata. Fé miúda, nem grão. Para sinais sou inepto, de milagres, incapaz. Mas isso te dou: posso ter sossego na hora penosa! Isso é tesouro. Vai pela estrada desse dia e as pessoas verão no teu rosto marcado, no corpo cansado, na alma dorida, as certezas douradas de quem angariou honra em batalhas. Sobreviveu. 

     Por isso pode nos balcões exigir o vinho melhor. O que para odres podres não irá. Aquele que em Caná será derradeiro, porque vem de uvas mais nobres. Porque o dia de hoje será melhor que o de ontem. Pois cá estás, na frente do espelho decifrando em cicatrizes de ontem os mapas do tesouro que hoje acharás. 

    Dor imprevista, patrão injusto, filho ingrato, salário corroído, ônibus quebrado, febre impertinente, perda recente, tombo de vexame, nada disso te impedirá. Levanta. Respira fundo a alegria. Bate no peito. Bate no rosto, espante as brumas do desânimo. Liberte hinos pela boca, grite louvores no peito. 

    E que assim seja o dia em que as pessoas te olharão e não entenderão. Este não era aquele que ontem despedaçou-se na rua? O injustiçado no trabalho? O que foi humilhado na família? Como pode cantar assim? Sorrir, como? Está louco? Não! Apenas consome a alegria que Cristo abriu com sangue na cruz, para que você pudesse sacar pequenas porções da eterna felicidade que a ti, pela Graça, pertence. 

    Então, vai. Você não será derrotado.

    denilsoncdearaujo.blogspot.com

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