• Oscilante honra

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  • 14/12/2016 12:00

    Sei não. Será que o tempo passado era melhor do que a nossa vivência de hoje, nesse país de comandos surreais?

    Sei, sim, que, naqueles idos, podíamos confiar em alguns indivíduos alçados aos comandos da república, contudo pouco ou nada sabíamos deles, já que o desfolhar de suas carreiras despetalavam-se na ineficiente comunicação disponibilizada ao enganado eleitor obrigado ao voto nas urnas,

    Sei não. Será que os atuais integrantes dos três poderes republicanos, com vidas disponibilizadas através dos meios de comunicação, principalmente nas redes sociais, são tão ordinários como demonstram seus atos passados e presentes?

    Sei sim que a coisa está tão feia e a honra desses grupos que representam o povo mostra-se tão podre, que dá vontade de ir para qualquer país que adota a renúncia, ou o suicídio político, ou o voto de desconfiança do corrupto, que o leva ao afastamento da sinecura de sua malfadada vida de profissional da corrupção. Traduzindo: me dá o meu boné; quero ir embora. Pelo menos, no desejo.

    Vejam só, em poucos dias, ministros do Supremo (o quê? Supremo?) feriram preceitos constitucionais para ajeitarem interesses particulares, alegando serem medidas de extrema relevância nacional: a primeira, quando mantiveram os direitos políticos da impichada (que tal este neologismo?); segundo, quando confirmaram que parlamentar réu pode continuar presidindo o Senado Federal… Dá para aceitar tanta trapalhada partida de cabeças coroadas de “ilibada conduta e notório saber”?

    Sei não, mas tem muita gente dentro de mangas de paletós chafurdados de tremedeira acionada por mangueiras do tipo lava-jato. Quem dirá o contrário?

    Por fim, mesmo não causando qualquer espanto, doí ver o réu, que é presidente da mais alta casa legislativa do país, desfilando sorrisos de soberba pelos corredores do senado, tal qual o fazia o já cassado ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, como um pavão majestoso exibindo os adornos do traseiro sabidamente não tão multicoloridos. E com a mesma ginga ondulante, o mesmo olhar turvo fingindo luminoso, porém sob o pavor da culpa impressa nas linhas e entrelinhas de seus currículos.

    Enquanto isso, o quinhentista Cabral se mexe no túmulo ao constatar que o homônimo carioca tem muito mais em joias e riquezas do que o somatório de especiarias e fortunas existentes em toda a sua frota. Péssimo sinal dos tempos!

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