• Os problemas em se manter o enem em 2020

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  • 11/05/2020 12:00

    Todos os anos o Ministério da Educação divulga o calendário do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), seguindo um padrão, que consiste basicamente em publicar os editais em março, solicitação de isenção da taxa de inscrição em abril e inscrições em maio, para que em final de outubro/início de novembro, tudo esteja pronto para receber cerca de 05 milhões de estudantes. Todo padrão é seguido a alguns anos, sem interrupções na aplicação das provas, até que em 2020 especula-se que as provas sejam canceladas, diante de uma pandemia mundial que gera uma quarentena, que consequentemente, no Brasil paralisa todas as escolas no começo de março; enquanto o INEP e o MEC reforçam que o calendário será mantido e as provas seguem com as datas normalmente. No artigo de hoje, vamos apontar alguns problemas nessa decisão, em manter, aparentemente, “tudo como deveria estar”.

    Devido à quarentena, que reforço, é de extrema importância diante da situação atual, milhares de estudantes estão sem acesso ao conteúdo básico de ensino. Não se trata aqui de apontar críticas ao sonho da meritocracia, mas sim levantar questões que precisam ser pensadas por todos nós, afinal, nossa realidade não é um parâmetro para todos os brasileiros. Uma pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) em 2019 aponta que 58% dos domicílios no Brasil não têm acesso a computadores e 33% não tem acesso a internet. A pandemia afeta diretamente a vida de todos nós, mas em nível de educação, ela afeta diretamente a vida de mais de 30% de estudantes que não têm a possibilidade de continuar seus estudos na modalidade em EAD. Vale ressaltar que a propaganda do Ministério da Educação lançada em início de maio, convocando os estudantes a “estudar da forma que puderem, pelos livros, internet e solicitando auxílio de professores”, nos remete a uma realidade inexistente. Ainda que os estudantes sem acesso a internet possuam livros, aprender assuntos de extrema complexidade, como “química orgânica”, “história do Brasil”, com leitura de livros, é um tanto quanto surreal.

    Outro ponto que precisa ser levantado é a aglomeração de pessoas para realização das provas. Como sabemos, essa pandemia que estamos enfrentando pode durar mais tempo do que gostaríamos, e nesse caso medidas sanitárias deverão ser tomadas para que as provas sejam aplicadas. Até o momento não foi divulgado nenhum plano do Governo Federal sobre o assunto.

    Por fim, mas não menos importante, está à saúde psicológica dos estudantes. Diante do cenário atual, ninguém está bem, mas se preparar durante um ano para uma prova sem a certeza de que ela será realizada é no mínimo desanimador. Outra causa para a desmotivação está nas possibilidades de um ambiente propicio ao estudo; pouquíssimos estudantes possuem um quarto isolado do restante da casa, em que possam se concentrar sem interferência exterior.

    A realidade do Brasil é injusta, o ENEM não é justo com os desfavorecidos, mas o que se espera de um governo, é o mínimo de empatia com seu povo.

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