• Órfãos ou terroristas

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  • 02/08/2016 10:00

    Segundo Laurent Fleury o “processo de socialização escolar favorece a individuação do sujeito emancipando-o dos espaços comunitários”, responsável por sua inserção no espaço público, conferindo “status impessoal, universal e abstrato, pois o promove a cidadão, sem nem mesmo perguntar o quanto ele se acha preparado para exercer esta cidadania, já que este é um procedimento que o torna um ‘sujeito autônomo’”.

    O empurra para que “Adquira uma consciência autônoma”, (Dubet), fato de extrema responsabilidade, pois pode envolver a transição entre esferas culturais, uma passagem que o conduz a substituição de valores, corrompendo sua identidade nativa. Um rito de passagem, como antropólogos admitem.

    A escola laica, moderna deseja moldar politicamente este novo cidadão na nacionalidade que será assumida, debutar em sua universalidade. Mas, lamentavelmente, não conclui qualquer um dos objetivos, conduzindo a um cenário de indefinição de sua personalidade, esgarçado por sua ancestralidade que incomoda sua ascensão cidadã e apavora a instituição despreparada.

    O universo juvenil encontra-se sujeito a este processo, inviabiliza a sua formação cultural, torna-o indefinido e aponta para o declínio da instituição escolar moderna, submetida e imposta a uma orfandade o individuo que se pretendia cidadão.

    O “diferente” sofre o destrato social, para o qual a Escola é insuficiente para conter a universal quebra de vínculos. Como se sentir? Um imigrado? Um diferente dos que o destratam?

    O risco da radicalização pelo contagio, aproxima-o do delírio da religiosidade que se sobrepõe a sua fragilidade política, existencial.

    A escola necessita de reforma para que não ocorra destrato. Necessita abrigar em diversas linguagens, restabelecer o vinculo dos espaços comunitários, onde precisamente o jovem se despersonaliza passando a ser um risco para toda a sociedade cidadã. 

    A instituição necessita ser (re) tecida para não mais se esgarçar, pedagogicamente se preparar, entender uma nova realidade do século XXI, fornecer bálsamos para o enigma contemporâneo, um jovem desprotegido, órfão de nacionalidade, desprovido de ventre materno, enfermo de identidade e nacionalidade, carente de cidadania.

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