• Ong organiza esforço para proteger espécie de mico em risco de extinção

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  • 07/01/2019 13:04

    A presença dos micos, ou saguis, têm se tornado cada dia mais frequente na cidade. Apesar de os petropolitanos estarem habituados a vê-los nos muros das casas, e até passeando na fiação dos postes, os Saguis-do-tufo-branco (Callithrix jacchus) não são naturais dessa região. E nem mesmo os Saguis-do-tufo-preto (Callithrix penicillata), que costumam serem vistos nos jardins do Museu Imperial, são daqui. A única espécie de saguis natural da Região Serrana, infelizmente, está ameaçada de extinção, o sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita – foto).

    Uma força tarefa tem sido realizada para tentar preservar essa espécie e protegê-la da ameaça de extinção. Um grupo de pesquisadores do Programa de Conservação dos Saguis-da-serra (PCSS) está realizando um trabalho de mapeamento e coleta de dados de identificação do habitat e distribuição da espécie nas matas da Região Serrana do estado. 

    Os Auritas são primatas nativos da Mata Atlântica do Sudeste, nas regiões montanhosas do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. O primatólogo e coordenador do programa, Rodrigo Salles de Carvalho, explicou que a ameaça de extinção dos saguis acontece devido à enorme perda de seu habitat natural, a Mata Atlântica. Por causa das espécies de saguis invasores que vêm de regiões do Nordeste e Centro Oeste, e por não se adaptarem ao convívio com os seres humanos, eles acabam perdendo o pouco território que tem.

    O PCSS faz parte do Novo Pan (Plano de Ação nacional) para Primatas lançado em 2018 pelo Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e coordenado pela ONG PREA – Programa de Educação Ambiental. O Programa tem como foco a conservação de duas espécies de saguis, o Aurita e o sagui-de-serra (Callithrix flaviceps), que são naturais no Espirito Santo. 

    O grupo de pesquisadores iniciou o mapeamento há cerca de seis anos, no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso). Os pesquisadores observaram que, com a chegada dos saguis-do-tufo-branco e com os saguis-do-tufo-preto, o número de auritas diminuiu significativamente. “Estes animais vêm de outros locais, se reproduzem sem controle e mexem com o ecossistema local. Eles se alimentam de passarinhos, brotos, o que prejudica também outras espécies”, alertou o primatólogo. Nesta etapa da pesquisa, foram identificadas famílias de Auritas no Parnaso, na Reserva Biológica de Araras (Rebio Araras) e Reserva Biológica do Tinguá (Rebio Tinguá).

    O objetivo desse mapeamento é criar políticas públicas que ajudem a preservar a espécie, como, por exemplo, através da criação de reservas de proteção e centros de conservação. O município de Nova Friburgo, um dos primeiros locais a receber os pesquisadores, deu um passo importante como resultado deste trabalho. Em agosto de 2017, foi criado um decreto que declara o Sagui-da serra-escuro (Callithrix Aurita) patrimônio da Biodiversidade de Nova Friburgo, além de determinar medidas de educação ambiental e ações de promoção da preservação da espécie. 

    A ONG PREA mantém um trabalho de Educação Ambiental coordenado pelo PCSS em Petrópolis. São realizadas palestras, dinâmicas, brincadeiras, teatro, entre outras atividades pedagógicas, com o intuito de levar às crianças e jovens as primeiras lições sobre o respeito e a preservação do meio ambiente. 

    “Através de jogos e o material educativo, os estudantes passam a conhecer a espécie e aprendem como preservar o ecossistema. A partir das crianças e jovens, tentamos fazer uma mobilização social em favor da preservação da espécie”, destacou Alessandro Antunes, coordenador da educação ambiental da ONG PREA. 

    Em Petrópolis, alunos do primeiro ao quinto ano do Colégio Aplicação da Universidade Católica de Petrópolis foram os primeiros a participar das atividades do projeto. No entanto, a iniciativa está apenas começando, e precisa de apoio financeiro para que haja continuidade. 

    A pesquisa tem sido patrocinada pela Beauval Nature Association (França) e pela AfdPZ – Associação Francesa de Parques e Zoológicos. E além dos membros do PREA, pesquisadores do Projeto Aurita da Universidade Federal de Viçosa estão participando da pesquisa. 

    “O mico não é um projeto da ONG, o mico é de todos nós. A extinção de uma espécie mexe com o ecossistema de todo o mundo. A educação ambiental é fundamental para mobilizar a sociedade civil para a preservação das espécies”, completou Alessandro.

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