• Obesidade infantil é um dos principais problemas de saúde pública do mundo

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  • 11/10/2016 17:05

    Hoje (11) é comemorado o Dia Mundial de Combate à Obesidade e a data tem como principal objetivo promover campanhas de incentivo à prevenção ao excesso de peso, que é um dos fatores de risco mais perigosos para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. 

    O sobrepeso, que é entendido como doença em alguns casos, pode começar cedo, quando o paciente ainda é criança, e tem uma série de fatores que pode impulsionar ainda mais o ganho de peso desordenado, provocando uma série de consequências. Segundo dados apresentados pela Organização Mundial de Saúde, a obesidade infantil é um dos maiores problemas de saúde pública no mundo. A projeção é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões obesos. Já o número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo pode atingir 75 milhões de pessoas, caso nada seja feito.

    Em 2012, a (OMS) divulgou que mais de 40 milhões de crianças no mundo com menos de 5 anos estão acima do peso. A obesidade infantil aumentou de 4,5% em 1990 para 6,7% em 2010 e está estimada para 12,1% em 2020, ou seja, cerca de 60 milhões de pessoas.

    Um levantamento feito pelo IBGE apresentou um aumento importante no número de crianças acima do peso no Brasil. Segundo a pesquisa, um terço das crianças de 5 a 9 anos; um quinto dos adolescentes e mais da metade dos adultos em todo o mundo está com excesso de peso. O resultado preocupa os especialistas. “Uma criança obesa vai resultar num adulto obeso, cheio de problemas de saúde. Por isso temos que frear isso e reduzir essa taxa. Caso contrário teremos no futuro uma geração de adultos doentes e que, muitos deles podem nem chegar à terceira idade. Não estamos aterrorizando, só estamos alarmando, porque as pessoas não sabem da gravidade do assunto”, disse Leandro Havelange, gastroenterologista. 

    País tenta frear avanço

    O Brasil tem trabalhado para conter esse aumento da população com sobrepeso. Em julho deste ano, o Ministério da Saúde assinou portaria em que garante que nenhum recurso da pasta seja empregado para aquisição de alimentos não saudáveis, iniciativa que será ampliada para todas as instituições do Sistema Único de Saúde. O material abrange tanto as refeições disponibilizadas no restaurante do ministério quanto nas cantinas e as refeições dos eventos realizados pelo órgão. A medida prevê o incentivo ao consumo de alimentos naturais e proíbe a venda, promoção, publicidade ou propaganda de alimentos industrializados ultraprocessados com excesso de açúcar, gordura e sódio e prontos para o consumo.

    Como identificar obesidade?

    De acordo com a endocrinologista Cristiane Couto, a obesidade infantil ocorre quando uma criança está acima do peso normal para sua idade e altura. Já em adultos, essa definição é medida pelo índice de massa corporal, (IMC), calculado a partir do peso e a altura do paciente. “Se o resultado der acima de 25 o paciente é classificado com sobrepeso, e acima 30 com obesidade, que pode variar do 1° ao 3° graus. Já em crianças e adolescentes, a faixa de normalidade é calculada pelo gráfico de crescimento. Acima de 85 é considerado sobrepeso e acima de 95 obesidade”, explicou.

    Ainda segundo a especialista, um dos principais motivos para o aumento de crianças acima do peso, ou obesas, está relacionada a má alimentação e falta de exercícios físicos, levando em conta que atualmente a maior parte de crianças e adolescentes ingere produtos industrializados e gordurosos, e não praticam mais atividades ao ar livre, preferindo se entreter com computadores e videogames. “É muito mais simples, rápido e barato consumir industrializados. Com isso aumentou o consumo em fast foods e alimentos com condimentos, conservantes, poucos nutrientes e muito calóricos. O lanche das crianças se resume em hambúrguer com batatas fritas e refrigerante alternado com pizza e suco de caixinha. E a criança que Leva uma fruta para o lanche do colégio sofre bulling por que é diferente. Os conceitos estão invertidos e isso precisa ser mudado rápido”, alertou.

    Má alimentação e sedentarismo não são os únicos vilões

    Embora 90% da obesidade infantil seja provocada por má alimentação aliada ao sedentarismo, o problema identificado em pessoas que não possuem esses hábitos, os outros 10% dos casos, precisam ser investigados e descartados, ou tratados quando são diagnosticados. Já 1% ocorre por causas genéticas, como Síndrome de Prader Willi, Bardet Biedl e Alstrom. Outras causas podem ocorrer por distúrbios hormonais como hipotireoidismo, síndrome de Cushing, alterações do hormônio do crescimento, lesões no Sistema Nervoso Central.

    Além disso, alguns sinais como por exemplo a acantose nigricans, ou seja, manchas escurecidas encontradas na nuca, axilas e dobras do cotovelo, são sinais iniciais de resistência insulínica que pode levar ao diabetes. Portanto uma avaliação endocrinológica pode ser fazer necessário.

    Como reduzir o peso? 

    Algumas ações no dia a dia podem ajudar a evitar problemas na alimentação. É importante por exemplo que se mantenha um horário adequado e regular para as refeições, evitando omissão e jejum prolongado. Coma devagar, e mastigue bem. Isso faz com que hormônios sacietogênicos sejam liberados na circulação sanguínea e a satisfação ocorra mais adequadamente. Já comendo rápido não dá tempo desse mecanismo ocorrer.

    Coma sem nenhuma outra distração. Nada de celular ou televisão na hora de se alimentar. Isso permite que a pessoa se concentre mais no alimento e mastigue corretamente. Não pule o café da manhã, pois é a principal refeição do dia após um período prolongado de jejum noturno. Quem não faz desjejum tem maior tendência a obesidade. Evite refrigerantes, sucos industrializados, frituras e açúcar refinado. Beba água ou qualquer outro líquido somente 30 minutos após as refeições. Isso evita que o alimento seja empurrado para o intestino antes de ser digerido corretamente, portanto diminui a saciedade. O ideal e tomar água antes de se alimentar.

    “Mude o hábito da família. Não adianta mudar o hábito da criança se o resto da família continua sem praticar atividades e se alimentando mal. Saúde é para todos”, ressaltou a endocrinologista.


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