• O valor de uma infância brincante

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  • 30/04/2020 00:01

    Pensar a brincadeira é algo tão grandioso que resolvi começar pela definição que encontramos no dicionário online: “Ação de brincar, de se divertir; divertimento.”. De fato o significado faz todo sentido, pra ser brincadeira tem que ser divertido, mas não é só isso. Brincar envolve uma série de fatores que fazem do ato de brincar um ato de aprendizagem: aprendizagem social, aprendizagem emocional, aprendizagem do corpo e seus movimentos e também de autoconhecimento.

    As brincadeiras podem acontecer com a criança só ou em brincadeiras coletivas. Nas brincadeiras em que ela está sozinha é um momento único onde na maioria das vezes está exercitando a sua imaginação, refletindo e reproduzindo realidades e por mais que esteja fisicamente só, não significa que esteja na sua brincadeira. São trabalhados personagens, ambientes, situações e tempo, exercitando a imaginação, a concentração e a atenção. Por meio desse formato de brincadeira o adulto pode, de fora, observar vários aspectos valiosos para a formação e o conhecimento a respeito daquela pessoa. Já nas brincadeiras onde o coletivo é necessário, é preciso pensar, articular, estar atento às regras e saber empregar as habilidades que reconhece ter e compensar aquelas que não têm, ou até mesmo tentar desenvolvê-las em prol do objetivo final. Observando por meio dessa ótica fica perceptível a quantidade de arranjos que a brincadeira envolve e o tanto de aptidões e competências que são levadas por meio dela para a vida adulta.

     

    As brincadeiras envolvem habilidades físicas, como pular, correr, subir, descer, esticar, encolher; mentais, como concentração, atenção, observação, paciência; e emocionais como aprender a lidar com a derrota, observar que as pessoas têm características diferentes e habilidades diversas, que as pessoas pensam de forma diferente e nem sempre tem os mesmos valores que os seus.

    Pensando nos valores e naquilo que constitui a criança, a brincadeira é uma importante ferramenta para compreender a visão que a criança tem de mundo. A brincadeira que tem um papel de interpretação, que ocorre por meio de representações observadas na sua realidade ela está reproduzindo vivências. Quando uma criança está brincando, por vezes observamos falas do pai, da mãe, das educadoras e dos amigos, por isso a brincadeira serve como um termômetro das próprias atitudes e quais ações estão sendo absorvidas.

    No âmbito social podemos ter um entendimento mais esclarecido das percepções da criança em relação ao outro que, por vivermos num mundo muito diverso pode conter preconceitos e distorções dado que as crianças ainda não têm sendo critico estabelecido para saber o que é certo ou errado, mas está no processo de preparação desses juízos. Nesse sentido é um momento adequado para conversar sobre, lembrando sempre que não se deve interromper a criança na brincadeira, pois ela pode começar a sentir receio de brincar por perto por perceber que está sendo observada. É imprescindível que a criança se sinta confortável nesse período que é só dela. 

    Por isso o ideal é que a conversa ocorra de forma espontânea em outro momento para que no lugar de corrigir seja possível ressignificar concepções de forma saudável e harmoniosa. É uma ocasião muito propícia para elaborar e discutir sobre valores e percepções de vida e do outro de forma agradável.

    Podemos perceber assim, que a infância brincante é importante para uma pessoa não só enquanto criança e não somente como divertimento. É por meio dessa ação que as crianças levarão criatividade, valores, percepções e tolerância ao outro, mais conhecimento sobre si e suas habilidades, enfim, uma criança brincante leva aprendizados para a vida toda. Uma vida adulta criativa, receptiva e compreensiva do outro é montada aos poucos e com pedacinhos retirados das experiências vivenciadas.

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