• O perdão

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  • 21/09/2016 09:00

    Perdoar é algo muito difícil. Muito difícil para muitas pessoas, principalmente, aquelas que foram endurecidas pelas agruras da vida, tais como, decepções, mortes, traições, maus tratos, agressões, desamor e muitos outros motivos conhecidos e desconhecidos.

    O ato de viver já nos expõe a todo tipo de decepções e dores, que nem sempre conseguimos evitar. Como também nos  traz muitas sensações de alegria e êxtase que nem sempre sabemos administrar, fazer perdurar, prolongar ao máximo. Evitamos situações constrangedoras, evitamos perdas e momentos desagradáveis, mas buscamos permanentemente situações que nos dêem prazer, ganhos, vantagens, segurança e todo tipo de poder.

    Muitas vezes ferimos pessoas queridas com atitudes, atos, esquecimentos, e até com coisas que imaginamos que lhes sejam benéficas. Confundimo-nos muitas vezes, tentando ajudar, de um modo que nos parece certo, mas, que muitas vezes é errado. Quase sempre achamos que o que pensamos é o que está certo, ou o que queremos é o que convém, a nós, e até mesmo aos outros. A verdade é sempre a nossa verdade. O certo é sempre o que pensamos.

    Mas não é assim que as coisas são ou acontecem.

    Quando percebemos que estamos errados ou que erramos no passado, nem sempre pedimos perdão, nem sempre tentamos refazer o que é justo ou tentamos consertar e amenizar nosso erro. Os nossos atos são sempre conseqüência do que vai no nosso coração. Agimos sempre imbuídos dos sentimentos que guardamos no coração, sejam eles de amor ou de ódio.

    Poucos são os que sentem remorço, menos ainda os que se arrependem. O remorço é como um sentimento de pena, dó. Já o arrependimento é mais profundo e marcante e demonstra tristeza por ter agido errado e induz o arrependido a consertar o erro ou a não mais cometê-lo. E muitas vezes a recompensar o prejudicado.

    O simples fato de que houve arrependimento já demonstra que houve mudança de pensamento, isto é, os motivos que levaram o faltoso a agir errado acabaram por se revelarem  errôneos e deveriam ou  poderiam ser evitados. Só uma mente pura e um coração receptivo aos ditames da consciência, leva o faltoso a perceber que errou. E só o arrependimento prova que houve evolução e mudança; que houve um progresso, uma melhoria de conduta e caráter.

    Por si só o homem não consegue concluir que errou. Sua consciência, levada por algo que um dia lhe foi ensinado ou por um valor que um dia lhe foi apresentado, assume o comando da mente e vem então o arrependimento e a vontade de pedir perdão e de consertar o erro.

    Vemos então que aquela semente que alguém plantou no passado, que aquela palavra que alguém lhe falou, frutificou no seu coração, que é a sede de todo sentimento e sabedoria. Esta parte sensível e divina que temos dentro de nós, que sentimos e não sabemos explicar o que é e de onde vem, e que é despertada por alguma palavra diferente que ouvimos de alguém ou que lemos algum dia num livro ou num panfleto, é a imagem ou presença  de Deus que existe em nós, que vive em nós desde o momento que recebemos o primeiro fôlego de vida. Um dia, não   em   todos mas em alguns poucos felizardos, esta centelha se manifesta e acende a nossa vida, trazendo-nos um novo alento de vida, diferente de tudo que se conhecia.

    E então olhamos retrospectivamente nossa vida, nosso passado, e nos arrependemos do que fomos, do que fizemos de ruim, do que deixamos de fazer de bom no passado. Surge então um forte sentimento de perdoar aos que nos ofenderam, de pedir perdão aos que ofendemos ou prejudicamos. É Deus falando dentro de nós, é o Espírito Santo agindo em nós.

    O perdão se move em duas direções: ou perdoamos aos que nos ofendem ou pedimos perdão aos que ofendemos. O ato de liberar perdão é um dos momentos mais sublimes na vida de uma pessoa. Deus se faz presente neste momento nas duas ou mais vidas envolvidas, tanto daqueles que perdoaram quanto na vida dos que pediram perdão. Quase sempre é aqui que os que  nasceram de novo sentem mais intensamente o êxtase e o gozo da presença de Deus: E isso ocorre sempre que liberamos perdão, principalmente àqueles que mais nos ofenderam ou prejudicaram.

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