• O nobre sequestrador

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  • 05/02/2020 14:53

    O escritor Antônio Torres, acadêmico titular nas Academias Brasileira e Petropolitana de Letras autografou seu livro “O nobre sequestrador”, sob amável dedicatória, para este escriba amante da literatura. Folheando a obra, a surpresa foi imensa ao atestar nossos gostos semelhantes quanto à temática da pirataria e ocorreu o consequente devorar do belo texto que traz de volta ao Rio de Janeiro aquele que deixou marcas profundas na cidade maravilhosa: o corsário René Du Guay-Trouin, admirável autor de um diário de bordo, obra inestimável para a revelação contínua dos sempre renovados feitos daqueles heróis. 

    Heróis?! Sim, caras pálidas, heróis autênticos chafurdados nas toscas naus de candentes aventuras, perigos mil, surpresas bem ao gosto da impenetrabilidade dos mares tropicais perfumados de riquezas quanto bolorentos de insensatez humana, sempre a mesma de sempre, sempre, sempre… 

    No delicioso romance histórico, Antônio Torres, com fino humor, circunvaga pelas aleias primitivas e modernas da metrópole tropical, terçando as contas do tempo na simbiose lúcida das atualizações, na definição do permanente sequestro que a cidade sofre, ontem pelos “sparrows” sebentos; hoje pelos comandos sediados em spas de luxo em pressão sobre infelizes abandonados pelo poder político. 

    Gentes diferentes não repetem a história mas a história é carbonada ampliação dos erros e virtudes do que vem passando a humanidade. Fui e sou leitor compulsivo das narrativas sobre piratas, bucaneiros, corsários, tanto do desabrochar imaginativo quanto nas obras do viés histórico. 

    E possuo, em minha biblioteca, 1 exemplar da 1ª edição da obra “Memoires de M. du Gué-Trouin, Chef d´Escadre des Armées De S.M.T.C. et Grand-Croix de L´Ordre Militaire de S. Louis”, editado em Amsterdam por Pierre Mortier, no ano de 1730 em vida do aventureiro e mais 2 exemplares da mesma obra, edição pela “L ´Imprimerie Privilegiee a Rouen”, ano de 1788, edição póstuma bastante ampliada, enriquecida com mapas; ainda a tradução da obra, para o português, por Carlos Ancedê Nouguê, Editora Bom Texto no ano de 2002. 

    No livro de Antônio Torres reencontrei e curti as peripécias da ousadia bucaneira, a serviço do Rei, que Du-Guay Trouin registrou em suas memórias, em preciosa narrativa das escaramuças sangrentas daqueles idos de um Rio de Janeiro selvagem e sempre lindo. 

    Dai, meu caro confrade Antônio Torres, o meu deleite na leitura de sua obra, recordando que no dia 8 de maio de 2003, separei e arquivei a 1ª página do caderno “Ideias & Livros”, do Jornal do Brasil, contendo o artigo “Rio de Janeiro sequestrado”, da jornalista Norma Couri, matéria provocada pela sua entrega dos originais desse livro ao editor. 

    Na ocasião pensei em vigilância quanto ao lançamento d´”O Nobre Sequestrador”, mas os rodopios da vida determinaram um descuido que não permitiu a aquisição da obra. E, agora, a recebo do Autor. E, sob o registro da dor por mais um sequestro de nosso Rio de Janeiro pela delinquência. E, assim, registra Antônio Torres “… a tal ponto que a “Nação do Crime” proclamou a vitória num audacioso “comunicado oficial” à população. Era o que faltava!” 

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