• O mouco

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  • 08/07/2017 12:00

    Numa roda de amigos e alguns conhecidos, trocávamos idéias sobre assuntos variados.

    Uns a conversar sobre o triste momento por que atravessa o país, outros a discutir a propósito de futebol, sem falar naqueles que debatiam acerca do andamento de seus negócios, especialmente com relação à queda dos mesmos, justamente em setores prejudicados pela crise financeira que se abateu sobre a nação brasileira.

    Entretanto, o assunto a predominar, exatamente, aquele que dizia respeito às finanças pessoais.

    Da conversa participavam oito pessoas, sendo que algumas guardavam a companhia das esposas, estas, entretanto, a discorrer sobre assuntos diversos, em nada a se comparar com o “papo” dos maridos. Para falar a verdade, assuntos banais.

    A maioria a bebericar uma geladinha cerveja, outros, entretanto, preferindo, apenas, uma água gelada.

    Houve um momento , contudo, em que a conversa descambou para o tema compras, exatamente a envolver dinheiro, sendo que o assunto acabou por chamar a atenção de um cidadão presente e que até então pouco, ou nada falara.

    Porém, o tema a prevalecer atingiu o ápice, justamente, quando alguns, menos discretos, começaram a traçar narrativas de como aplicar o dinheiro, outrossim, da forma mais segura de utilizá-lo, em especial, na troca de veículos e similares.

    O cidadão que permanecera quase calado, até mesmo sem dar o “ar da graça”, passou a intervir nos diálogos de forma determinada, justamente quando os mais favorecidos financeiramente decidiram comentar a respeito da melhor forma de aplicar o capital; o personagem calado, então, arregalou os olhos e as perguntas e dúvidas que, certamente, lhe atormentavam, foram esclarecidas pelos conhecidos com os quais, aliás, não mantinha quaisquer relações de amizade.

    A “rodinha”, até então formada, desde o início do encontro, foi-se dissolvendo e todos a se despedir, tendo permanecido, entretanto, numa animada conversa, apenas dois participantes retardatários, que continuavam a debater como melhor aplicar suas rendas, sendo que um deles era o convidado até há pouco mudo e, surpreendentemente, comunicativo eis que o assunto permanecia a versar sobre finanças.

    Ao chegar à casa, juntamente com minha esposa, comentamos o fato  demonstrando certa estranheza, quando lembrei-me do poeta que fez escrever:

    “Era o mais mouco dos moucos, / mas, conversando, o matreiro, / escutava, como poucos, /

    quando o assunto era dinheiro”.

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