• O mito e a máscara

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  • 24/05/2017 08:00

    Desde tenra idade me acostumei às orientações em família, professores primários, secundários, sacerdotes e, também de minha amiga Anna Nabaldian  Pfeninger que me devotaram  conselhos pedagógicos direcionados à leitura. Foram de suma importância porque a biblioteca mais próxima era Três Rios.  Nasci e residi até a adolescência no Terceiro Distrito que se chama Hermogêneo Silva. Imagine a dificuldade na difusão cultural por aquelas cercanias.

     Não me canso de proclamar que a formação primária foi fundamental.  Exercitar a reflexão da Sagrada Liturgia em latim e as aulas das professoras Geny, Sebastiana, Alice Maria, Philadelphia, Sylvia Siqueira sem contar as intervenções de Dona Alfredina Egypto sempre solícita a distribuir seus conhecimentos às crianças ávidas ao aprendizado foram de grande valia. Essas pessoas nos contavam passagens bíblicas, de cunho ético-moral e indicavam livros de histórias a exemplo de “La Fontaine”, “Irmãos Grimm”, “Monteiro Lobato”,  “Machado de Assis”, “Irmãos Karamazov” dentre outros. 

    Em muitas delas  “o sapo se transformava em príncipe”, o bem vencia o mal e  a justiça primava sobre a injustiça… Não sou cientista político, mas, tão somente um entre os milhões de brasileiros desapontados e perplexos.  Valho-me da hermenêutica e da exegese para trazer à baila aquele senhor do nordeste, nascido de família de poucos recursos e sem completar creio eu o primeiro grau. Tornou-se operário, líder sindical e conquistou enorme índice de popularidade. O povo só não sabia que tudo foi articulado. Uma farsa. Inegável que o fenômeno possuía todos os requisitos para se transformar num ícone e no maior nome da história. O menino pobre e semianalfabeto que chegou a ser o supremo mandatário do país causou profunda decepção à Nação. Fundou partido com vistas ao negócio público e o liderou. Foi e ainda é adorado por aqueles que se deixam cobrir pelo véu de Elêusis. 

    Um misto de realidade, ficção, folclore e política… Quis fazer gênero partindo para a ofensiva aos palavrões. Não me lembro de haver se sobressaído nos debates. Em diversos deles  preferiu se omitir. Disse ele que a Queda do Muro de Berlim o inspirou para uma nova plataforma de governo. Ganhou espaço entre os vaidosos, prometeu e iludiu o povo. Desmoralizou o país.  Alardeou  que sendo analfabeto chegou a  presidente, conquistou  diplomas e títulos de “doutor honoris causa”. 

     Para quê haveria de ir aos bancos escolares? Tratou sim de enriquecer os seus familiares e amigos. E o epílogo se sabe, uma série de denúncias. Transformou-se em réu, responde a inquéritos, processos cíveis e criminais. O Brasil foi traído. E ele desmistificado. Vive-se uma das maiores se não a maior crise moral e econômica já vista. Havia tudo para ser um herói. Transformou-se em responsável pela decadência política que causou irreparáveis danos à democracia. Que pena! Poderia bem passar para a posteridade como um exemplo de honradez e dignidade. Deixou-se iludir pelo vil metal e desenfreado poder, por isso, se assiste sua máscara cair por terra. A nação foi ultrajada. Que se esgotem o devido processo legal, o direito de ampla defesa.

     Ainda que se procrastine a justiça há de cumprir o seu múnus porque Calamandrei nunca disse palavras tão lapidares quanto estas que são luvas nesse episódio: “Para encontrar a justiça é preciso ser-lhe fiel. Como todas as divindades ela só se manifesta aos que nela creem”. E eu creio e a  justiça há de ser feita. 

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