• O inesquecível amigo

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  • 20/06/2017 11:52

    Ultimo sábado, dia dezessete, levantei-me, como sempre, muito cedo, todavia, sem o ânimo e disposição costumeiras.

    Contudo, tínhamos que cumprir compromissos, na parte da manhã, no centro da cidade.

    E assim foi, já às nove horas, eu e minha esposa, nos dirigimos ao centro e fizemos resolver parte dos encargos, eis que algumas compras que ainda deveriam ser feitas, ficaram sob responsabilidade da esposa.

    De volta à casa, decidi telefonar para o escritório com a finalidade de obter uma informação e a pessoa que me atendeu, após esclarecer a propósito de minha solicitação, completou: “tenho numa notícia triste para o senhor”; e eu, preocupado, indaguei, o que ocorreu? E a resposta veio a seguir: “faleceu o professor Roberto Francisco”.

    A notícia calou profundamente em meu coração vez que o apreciava sobremaneira, já que se tratava, primeiro, de um grande amigo que fora de meu pai e essa amizade transferiu-se à minha pessoa, para honra e contentamento por parte do modesto subscritor destas linhas.

    Eu e minha esposa dedicamos muita amizade e carinho ao casal; ele preocupado com a esposa amada, D. Neusa e ela, da mesma forma, constantemente atenta e, sobretudo, amorosa, com relação ao marido querido.

    Um casal que só bênçãos recebeu, eis que depois de ter colhido do Pai uma numerosa prole, foi presenteado com netos e bisnetos.

    O mestre Roberto Francisco sempre pronto a servir a quem quer que fosse; suas saídas ao centro da cidade, nas manhãs petropolitanas, tanto no inverno, sob forte nevoeiro e chuva, ou no verão, ainda sob calor intenso, faziam parte da vida do querido amigo que nos deixa; eram os momentos em que encontrava com amigos e conhecidos. Certa vez confessou-me: “durante minhas andanças pelo centro da cidade chego a cumprimentar mais de cinquenta pessoas”. Afora, penso eu, com àqueles com quem parava e só a transmitir gestos de carinho e bondade, além de dizer belas trovas que a todos encantava; que memória tinha o inesquecível amigo.

    O desaparecimento do professor Roberto Francisco deixa enlutada a cidade de Petrópolis, terra onde não nasceu, já que veio ao mundo em Anta, distrito de Sapucaia, mas foi a cidade de Pedro que acolheu-o para o desempenho dos mais importantes encargos; vereador à Câmara Municipal, professor em diversos educandários da cidade, além de proprietário do EPA, colégio que fundou e dirigiu por anos; na qualidade de intelectual de primeira grandeza, participou , com absoluta competência, das Academias Petropolitana de Letras, de Educação, de Poesia Raul de Leoni, além de presidir, por décadas, a União Brasileira de Trovadores, UBT-Seção de Petrópolis. Merecidamente, recebeu o título de Cidadão Petropolitano, participou, outrossim, com brilho próprio de sua inteligência e competência, do Conselho Estadual de Educação.

    Mestre da oratória e da poesia, quando de nossas conversas sempre a lembrar o pai, Buzico e a mãe, também, nunca olvidada.

    O mestre Roberto publicou várias obras, todavia, recentemente, fez presentear aos amigos, com prazer, satisfação e muita alegria, “Medeiros e Francisco, o “Legado”.

    Roberto Francisco, com quem tive a especial oportunidade de conviver, se traduz, na bondade que guardava em seu coração, no amor dedicado à família e na palavra sempre sincera que fazia dirigir a todos que lhe circundavam, cremos todos nós, que não nos deixou, partiu para outras paragens, justamente para zelar a favor de tantos e quantos que lhe ouviam a propósito de palavras recheadas de consolo e após recitar um belo poema.

    O professor Roberto, entretanto, se resume no que escreveu abaixo em homenagem à esposa:

    “Diariamente que reluz / Neusa, com certeza eu te asseguro, / foste o maior presente de minha vida, / um recanto de onde brota a comida, que alimentou nosso futuro. Sessenta anos não é nada, minha querida, para esta nossa existência de paixão, pois bate em meu peito um coração, / que, feliz, em teu peito fez guarida. / Ainda ontem, quando te levei para o altar, / fitando o horizonte, em sombras obscuro, / encontrei na pureza de teu olhar. / e na fortaleza que brota de teus pés, / o vibrante brilho, iluminado e puro / do verdadeiro diamante que tu és!”

    Descanse em paz, querido amigo!


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