• O exemplo de João Carlos

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  • 19/12/2019 13:15

    Na Feira do Livro de Porto Alegre um fato chamou a atenção do público, arrancando demorados aplausos. O estivador aposentado João Carlos dos Santos, de 70 anos, graças ao programa de alfabetização de adultos do Centro de Integração Empresa-Escola do Rio Grande do Sul, pela primeira vez, conseguiu ler a faixa situada na abertura do evento: “Bem-vindos”.

    Representava a realização de um sonho, acalentado há muitos anos. Quando recebe felicitações pelo seu feito, responde humildemente: “Eu não mereço tanto.” Ele desistiu dos estudos ainda no primeiro ano do ensino fundamental, para ajudar a mãe viúva no sustento da família. Trabalhou na construção civil.

    “Sempre me incomodou muito não saber ler o nome da linha de ônibus que eu pegava para ir ao trabalho. Na verdade, me sentia como se fosse um cego.” – diz ele.

    João Carlos foi incentivado por um amigo a procurar as aulas gratuitas do CIEE(que tem 134 alunos). E fala, com muita emoção: “Minha professora, Débora Westhauser, é o meu Deus na terra. E o CIEE é a minha segunda casa”. Hoje, com muita alegria. Já é capaz de ler o nome “Leopoldina”, que é o ônibus que o leva ao trabalho.

    Mas a primeira palavra que conseguiu escrever foi “mãe”. Diz isso com muita emoção. Quando avançou nos estudos, foi aprendendo outras palavras importantes para a sua vida, como conhecimento, esperança, aprender, acreditar, felicidade, liberdade e vida. Escreve todas elas com imensa alegria, reconhecendo o significado de cada uma delas para a sua existência.

    Os funcionários do CIEE (que tem representação em todos os Estados brasileiros) doaram 400 livros para a Feira Estadual, o que permitiu que João Carlos fizesse a sua escolha: um livro sobre a Turma da Mônica, de Maurício de Souza, e outro de “Contos”, de Machado de Assis. Não deixou de prestar atenção numa outra obra, esta de Luís de Camões.

    Agora, o sonho do nosso homenageado é levar outros livros para ler com os seus netos. “Pode existir maior alegria?” – pergunta ele, com a convicção de que agora percorre um caminho sem volta. Louve-se, nessa história toda, o trabalho de educação e assistência social do Centro de Integração Empresa-Escola, sobretudo em regiões carentes do nosso país.

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