• O descaso com um palácio

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  • 29/03/2018 12:00

    Talvez poucos saibam que o Palácio Rio Negro – que acolheu Vargas e JK em seus veraneios – é uma unidade do Palácio do Catete (Museu da República) e a direção de ambos está subordinada à professora Magali Cabral, mãe do ex-governador Sérgio Cabral, bem como, subordinados ao Ibram (Instituto Brasileiro de Museus).

    E por se tratarem de prédios tombados, são patrimônios culturais do povo, sob a responsabilidade e consequente preservação do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional). Assim sendo, considera-se um desrespeito com o publico a falta de cuidado com o Palácio Rio Negro e impossibilidade de eventuais visitas. Convenhamos, um dos grandes pontos para atender os turistas que prestigiam nossa Cidade Imperial. Mas como tudo em nosso país, quando se fala em cultura, é relegado a segundo plano – é a memória descendo ladeira!

    No último dia 20, um grupo de senhoras  – “Núcleo de Atualização da Mulher” – havia marcado com antecedência, via e-mail, uma visita ao Palácio, que, sem qualquer resposta, foi a visita considerada marcada e foram lá, mesmo sob violento temporal para não perderem a oportunidade.  Ignoravam a surpresa que as esperava. A responsável pelo grupo foi impedida de realizar o programa sob alegação das funcionárias de que a visita não havia sido confirmada por ela. Assim, uma inversão de valores – o e-mail foi enviado, os dois telefones sempre ocupados e nenhuma resposta ao pedido, como determina a ética profissional – falhas que foram transferidas para à visitante. Duas situações desagradáveis, provocadas pela irresponsabilidade da administração:- o desconforto da organizadora diante do grupo e a frustração de todos por não poderem concretizar o desejo. Diante do impasse, a chuva e a falta de manutenção nos telhados, que já duram uma eternidade, foram o “bode expiatório” da desorganização interna e da decepção externa. 

    O curioso de tal situação é que, se o Palácio está neste estado de abandono, quando tem  no anexo uma dependência do Iphan – como não deverá estar a casa que, em épocas remotas, abrigava o corpo da guarda? Um descaso com tal desdém pela coisa pública, em local privilegiado, enquanto nossas Academias coirmãs, de Letras e de Poesia sonham com um local para abrigá-las e criar o  Silogeu Petropolitano. Quem sabe se o local nos fosse cedido não se poderia achar um patrocinador para a restauração, apoiada na lei Rouanet? Poderá ser até um sonho mas não impossível de realizá-lo – ou quem sabe Portugal (menor que Pernambuco e tão solícito com o Museu da Língua Portuguesa), ou até o governo alemão ou de outro país, não dariam uma ajuda à nossa cultura – quem sabe? Só se saberá, dialogando – afinal, sonhar não paga imposto.  jrobertogullino@gmail.com

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