• Número de crianças obesas no Brasil pode chegar aos 75 milhões

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  • 21/02/2016 10:00

    Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, se nenhuma providência for tomada pelos governos, nos próximos anos existirão cerca de 75 milhões de crianças obesas no mundo. No Brasil, observa-se que 15% desse público está acima do peso, sendo que, na região Sudeste, esse número é ainda maior e sobe para quase 40%, ou seja, praticamente a metade das crianças apresenta o problema, que é considerado uma doença crônica e inflamatória, que está envolvida diretamente com o surgimento de outras doenças como, diabetes mellitus, hipertensão arterial, artrose, colesterol alto, insuficiência cardíaca, esteatose hepática (gordura no fígado), insuficiência respiratória e até câncer. Por isso, todo cuidado é bem-vindo e normalmente está aliado à rotina, fato que pode ser prejudicado pela volta às aulas.

    De acordo com a nutricionista e professora do curso de Nutrição da Fase, Brigitte Olichon, os pais não devem “controlar” a alimentação dos filhos e sim educá-los através do exemplo do que é praticado no dia a dia da família. Oferecer refeições em horários certos, sobretudo de manhã, antes da ida ao colégio, e no horário do almoço, compostas por alimentos saudáveis, é muito importante. Assim como oferecer esses alimentos também fora de casa. Outro ponto que contribui para estimular a boa alimentação dos pequenos é preparar o lanche que será consumido na escola com alimentos não industrializados, como pão, bolo, frutas e etc, evitando, portanto, biscoitos, iogurte e chocolates. 

    Além de todos os problemas de saúde, a especialista aponta ainda que a obesidade infantil pode causar discriminação social e afetar a parte psicológica dos pequenos, através de episódios de bullying, ansiedade e até depressão. “Como responsáveis, temos o dever de garantir que nossas crianças cresçam com saúde física e mental, tornem-se adultos saudáveis e produtivos. Quando deixamos essa nossa responsabilidade de lado e achamos que alimentar a criança com o que ela quer é mais fácil e mais 'amoroso', como se quiséssemos comprar o amor delas com nossa leniência, o que acontece é justamente o oposto. As crianças precisam de quem tome conta delas, faça as escolhas por elas e aponte o melhor caminho. Não é possível continuar vendo famílias onde crianças de um a três anos de idade ditam as regras, escolhendo o que vão comer ou a que horas vão dormir”, explicou. 

    A dica não é brigar com os filhos e fazer papel de carrasco, mas sim dar o exemplo de quais refeições devem ser feitas, dentro de casa e também na rua. Isso porque estudos mostram que pais obesos têm 80% de chance de terem filhos obesos; já quando apenas um dos pais é obeso, esse risco é de 50%; e, se nenhum dos dois é obeso, o risco cai para 10%. “Isso ocorre porque mesmo que a criança nasça com uma predisposição genética à obesidade, o que vai de fato determinar a ocorrência ou não do problema é o ambiente em que ela vive, e, sobretudo, seus hábitos alimentares que foram construídos dentro de casa, a partir das escolhas feitas pelos responsáveis. Por isso, quando tratamos de crianças obesas, é necessário tratar toda a família”, salientou.

    Uma dica para quem pretende iniciar a reeducação alimentar dos filhos é aprender receitas que “mascaram” o sabor de alguns legumes e verduras. “A intenção é fazer com que a criança experimente e redescubra o sabor de determinado alimento. Mas é importante ressaltar que elas não devem ser feitas rotineiramente, porque o processo de reeducação alimentar inclui também a consciência do que se está comendo. É preciso que a criança saiba o que está ingerindo e perceba que é gostoso e ainda faz bem. Levar a criança para a cozinha e fazê-la participar do processo de preparo também estimula a curiosidade e facilita a aceitação”, afirmou. 

    Outro método que precisa ser adotado na rotina são os exercícios físicos. “Não fomos feitos para ficar sentados diante de uma televisão ou computador. Nosso organismo necessita de exercícios sempre. A atividade física, além de manter o organismo funcionando bem, ajuda a eliminar os pequenos excessos alimentares que eventualmente podemos cometer. Claro que isso é um processo longo, que depende tanto da parceria dos pais, ou responsáveis, quanto do entendimento e aceitação da própria criança. Lutamos contra a mídia, que está sempre incentivando o consumo de alimentos não saudáveis, até mesmo da escola, que muitas vezes não oferece opções saudáveis na cantina e também os amiguinhos que praticam bullying. Mas é muito gratificante perceber as mudanças que surgem rapidamente quando todos estão lutando pela mesma causa”, concluiu.



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