• Nova técnica aumenta a chance de encontrar doador de medula óssea compatível

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  • 10/05/2016 14:30

    No Brasil, há mais de 3,7 milhões de doadores de medula óssea cadastrados, o que coloca o país como o terceiro maior banco do mundo, ficando atrás apenas da Alemanha (cerca de 6,2 milhões) e dos Estados Unidos (quase 7,9 milhões). Embora o número seja expressivo, a chance de encontrar um doador totalmente compatível é de 1 para cada 100 mil.

    “Inicialmente, buscamos um doador na família, pois entre os irmãos de mesmo pai e mesma mãe, há 25% chance de haver um doador totalmente compatível. Caso o doador não seja identificado, recorremos ao Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Por meio do banco, que é conectado a outros no mundo todo, temos 64% de chance de encontrar uma medula óssea totalmente compatível, porém, dependendo do estado de saúde do paciente, o tempo de busca por um doador 100% compatível pode ser longo demais. Em alguns casos, a espera pode ser fatal”, explica a hematologista e coordenadora médica do Centro de Transplante de Medula Óssea da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Aline Miranda de Souza.

    Nos casos em que um doador totalmente compatível não foi localizado, é utilizada uma nova técnica de transplante de medula óssea que permite realizar o procedimento com um doador da família 50% compatível, geralmente, pais ou filhos, ou um doador do banco de medula óssea com compatibilidade menor que 100%. “Esse tipo de transplante é denominado haploidêntico e utilizamos uma técnica em que o organismo do paciente é preparado para receber a medula óssea parcialmente compatível com medicações, quimioterapia e radioterapia específicas que diminuem as chances de rejeição”, revela a especialista.

    Ainda segundo Aline, embora utilize substâncias diferentes, a técnica para realização do transplante de medula óssea parcialmente compatível e totalmente compatível é a mesma e não há diferença no processo de recuperação do paciente. “Geralmente, o paciente é internado alguns dias antes do procedimento para realização de quimioterapia e/ou radioterapia, que têm como objetivo zerar o sistema imunológico para o recebimento da nova medula. As células da medula do doador são administradas no paciente por meio de um cateter inserido em uma veia do paciente, em um procedimento semelhante a uma transfusão de sangue. A recuperação leva de quatro a cinco semanas”, esclarece Aline.

    Segundo o Ministério da Saúde, há 70 centros para transplantes de medula óssea no Brasil. Desses, apenas 30 realizam transplantes com doadores não aparentados, ou seja, que não são da mesma família do paciente. O Hospital São Camilo Pompeia é um deles e está capacitado a realizar todos os tipos de transplante de medula óssea – autólogo (quando as células utilizadas são do próprio paciente), alogênico (proveniente de um doador da família) e alogênico não-aparentado (proveniente de banco de medula óssea) –, incluindo a utilização da técnica para doadores que não são totalmente compatíveis.

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