• ‘Vovó ninja’: filme com Glória Pires tem ares de ‘meu pé de laranja lima’ e ‘coleção vaga-lume’

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  • 07/set 09:37
    Por Matheus Mans / Estadão

    O título Vovó Ninja causa um certo estranhamento. Um desavisado pode achar que é um filme B dos anos 1970 ou, ainda, um personagem dos Trapalhões, que já trouxeram ao mundo o fantasma Simião e o guerreiro Didi e a ninja Lili. Mas não. O filme é a nova aposta de Bruno Barreto, cineasta que volta às origens em um longa com cara de Sessão da Tarde.

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    Estreia desta quinta-feira, 5, o longa-metragem parece uma mistura de Meu Pé de Laranja Lima com a Coleção Vaga-lume. No centro da história, três netos que precisam passar as férias na casa da avó (Glória Pires). É uma fazenda afastada, considerada amaldiçoada por crianças vizinhas, e que vai tirar as crianças da cidade da zona de conforto que estão.

    “Este não é o meu primeiro filme com essa temática. Meu primeiro filme, Tati, a Garota, contava a história de uma mãe solteira e sua filha de 6 anos que se mudam do subúrbio do Rio de Janeiro para Copacabana”, contextualiza Bruno ao Estadão. “Há simetria entre as histórias, abordando tanto a perspectiva adulta quanto a infantil, sem compartimentalizar”.

    Depois de Tati, a Garota, aliás, Bruno transitou bastante entre seus objetivos de carreira – comandou longas como Dona Flor e Seus Dois Maridos, O Beijo no Asfalto, O Que é Isso, Companheiro e, mais recentemente, obras como Crô: O Filme e Férias Trocadas. “Escolho os meus novos projetos pelos personagens. Preciso me afeiçoar a eles”, explica o diretor. “A história a gente muda, mexe, melhora. Personagem é um só. Precisa ser bom sempre.”

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    Em Vovó Ninja, por mais que o protagonismo seja de Glória Pires como essa avó, parece que o carinho do roteiro está todo depositado nas crianças. Vemos o mundo a partir dos olhos dos três – que, após uma tentativa de assalto na fazenda, pensam que a vó é ninja.

    “Acredito que as crianças trazem uma autenticidade única para as cenas”, continua Bruno. “Como diz Fernanda Montenegro, a criança sempre revela o truque do ator. Por exemplo, a Luiza Salles, que faz o papel da irmã do meio neste filme, nunca tinha atuado antes, nunca tinha pisado em um set de filmagem, mas sua naturalidade era impressionante. Amo isso.”

    Glória, enquanto isso, encara tudo com a mesma naturalidade. Ela entra em compasso com os pequenos, acompanhando essa deixa para colocar artifícios de lado. Ela diz, ao Estadão, que estar com crianças a inspira, assim como atuar em um filme dessa temática.

    “O filme aborda a importância de relacionamentos familiares, de estarmos atentos aos detalhes que mantêm as conexões vivas”, diz. Vai além: ao abraçar um clima mais leve, se aproxima de um tipo de história que foi deixada de lado nos últimos anos, para a família.

    “Acho que a importância está em reunir as pessoas em torno de um assunto comum. Antigamente, as famílias se reuniam para ouvir rádio, depois para assistir televisão na sala. Hoje, com a internet, isso se perdeu. Ir ao cinema é um ritual que ajuda a resgatar essa união. Mesmo que seja para discordar sobre algo, o importante é estar juntos”, diz Glória que, pela primeira vez, atua ao lado de Cléo, que interpreta também sua filha no longa.

    Aliás, perguntada se gostou de interpretar uma avó, Glória, que deu a entrevista ao lado da filha, não pensou duas vezes na resposta. “Foi uma delícia. Fiquei encantada com a proposta, porque eu quero ser avó, né? Eu não sou avó ainda, mas quero muito ser”, diz. Cléo sacou na hora a deixa e as duas caíram na gargalhada. “Nem dá para dizer que isso foi indireta. Foi diretíssima”, disse a filha. O teste para isso, com o filme, pelo menos já aconteceu e Glória parece feliz com o resultado: “No final, só queria ser avó”.

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