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  • 08/10/2023 08:00
    Por Prof. Luiz Carlos Moraes

    A gente sabe que o número de participantes em corridas de rua no mundo aumentou significativamente, e isso é bom. Entretanto, o número de lesões vem aumentando bastante principalmente porque a grande maioria pratica sem orientação. Muitas dessas lesões são recorrentes e afetam principalmente os iniciantes ávidos a evoluir muito rápido. Já é consenso que as lesões ocorrem por aumento brusco da quilometragem semanal e/ou a intensidade.

    Uma das lesões comuns é a Síndrome de Estresse Medial Tibial ou Periostite Medial de Tíbia. Popular (canelite) que é uma inflamação do principal osso da canela, a tíbia, ou dos tendões e músculos da tíbia, podendo se tornar fratura por estresse. Nos anos 80 eu tive as duas.

    Uma meta análise com 21 estudos conduzido por Winkelmann et all. (2016) concluiu que os fatores de risco mais associados à canelite foram o aumento do IMC, aumento da queda do osso navicular (osso do pé), maior amplitude de movimento (ADM) de flexão plantar do tornozelo e maior ADM de rotação externa do quadril.

    Traduzindo isso aí. Chama a atenção a queda do osso navicular que está localizado na porção mais alta do arco plantar, a curvatura medial da planta do pé. Ele se articula com o músculo tibial posterior sendo um músculo chave para estabilização da perna. Também se contrai para produzir inversão do pé e auxilia na flexão plantar do pé na altura do tornozelo. De modo mais simples ainda. Se o osso navicular está mais baixo, força toda a parte da frente da perna e os movimentos biomecânicos do tornozelo quando o pé depois da aterrissagem e se prepara para o vôo.

    Então quem tem o navicular mais baixo não pode correr? Pode. Desde que identificado o desvio faça exercícios específicos para fortalecimento do arco plantar e todo o pé. Vale lembrar que o navicular é o último osso do pé a iniciar a ossificação próximo dos três anos de idade nas meninas e quatro nos meninos. É mais um motivo que as crianças devem, desde os primeiros meses de vida, ser incentivadas a ficar o máximo possível descalças para fortalecer o pé.

    A criança engatinha, levanta, fica de cócoras, fica de pé, anda e sai correndo. A gente sabe que não é isso que acontece. Tá descalça vai ficar gripada! O tratamento da canelite é multidisciplinar porque também é multifatorial. Uma coisa é certa. Tem que parar e tratar direito.

    **Literatura Sugerida: Winkelmann ZK, Anderson D, Games KE, Eberman LE. Risk Factors for Medial Tibial Stress Syndrome in Active Individuals: An Evidence-Based Review. J Athl Train. (2016).

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