• Vocação para o magistério

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  • 12/08/2018 08:00

    Qual o futuro da escola? Os professores têm futuro? Antes de responder tais perguntas, vale refletir um pouco a partir de dados estatísticos: 

    “Professores de escolas públicas ganham, em média, 74,8% do que ganham profissionais assalariados de outras áreas, ou seja, cerca de 25% a menos, de acordo com o relatório do 2º Ciclo de Monitoramento das Metas do Plano Nacional de Educação (PNE).” Essa pesquisa divulgada no dia 07/06, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revela que, apesar de ter o mesmo grau de escolaridade, os educadores têm uma remuneração inferior à remuneração de outros profissionais. 

    De acordo com a pesquisa Profissão Docente, realizada entre os meses de março e maio deste ano, na Educação Básica, pelo Todos pela Educação, em parceria com Itaú Social e Ibope Inteligência, constatou-se que 29% dos professores exercem uma segunda atividade para complementar a renda.

     Essa pesquisa ainda revelou que 49% dos professores não incentivariam os alunos a ingressarem no magistério por causa da desvalorização sofrida pela categoria. Foram ouvidos 2.160 professores da Educação Básica. Apenas 21% disseram que estavam totalmente satisfeitos com a atividade docente. 33% consideram-se totalmente insatisfeito com a profissão.

    Além da questão salarial, é válido destacar também as condições de trabalho. E aqui cito mais um dado estatístico:  “A cada três dias, um professor denuncia à polícia ameaças dentro de escolas no Rio. De 2014 a 2017, foram denunciadas 624 ocasiões.”

    Essa pesquisa foi publicada pelo O Globo no mês passado. Os dados foram colhidos no Instituto de Segurança Pública (ISP), obtidos via Lei de Acesso à Informação. A pesquisa revela que as educadoras são as que mais sofreram ameaças.

    Mas essa violência não é exclusividade do Rio, está disseminada em todo país. Outro ponto que não se pode deixar de mencionar consiste nas condições dos estabelecimentos de ensino e dos recursos didáticos disponíveis para a prática pedagógica. Na rede pública, identifica-se uma precariedade, em virtude dos constantes desvios de verbas.

    Hoje o magistério está sendo considerado uma profissão de risco, por causa da vulnerabilidade em que o professor se encontra. Porém há um ponto que beira a unanimidade:  o progresso de um país depende do aprimoramento do sistema educacional. A Ciência e a Tecnologia não podem estar distantes da sala de aula. 

    Pitágoras, antes de Cristo, já dissera: “eduquem as crianças, para que não seja necessário punir os adultos”. Isso respalda o que afirmara Darcy Ribeiro em 1982: “se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios.” O atual sistema carcerário do país já apresenta as consequências da falta de investimento na educação. E, para que se tenha um caso mais concreto, basta olhar a situação da Rede Municipal de Ensino. Segundo dados publicados na imprensa local, 85% dos profissionais de educação encontram-se em greve, porque há três anos estão sem reposição salarial e lutam pelos direitos garantidos no Plano de Carreira como triênios, enquadramentos e 1/3 de planejamento docente. 

    A luta presente é também para que o futuro professor não passe pelo que estamos passando. O futuro da escola depende de todos nós. O educar é um ato contínuo do qual a sociedade não pode se omitir, por isso temos que expurgar a demagogia. Os gestores públicos precisam entender que a educação não se trata com paliativos.

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