• Viva o povo brasileiro

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  • 02/02/2016 11:10

    Aproveitando as férias, acabei de reler “Viva o Povo Brasileiro” a notável obra do saudoso escritor Ubaldo Ribeiro, uma ode a nossa gente! Viajar, de nosso país para outro, é a melhor forma que temos para reciclar, principalmente se formos escritores. Deixamos de lado por algum tempo nossa língua pátria, nossas belezas naturais, problemas e mazelas.  Divisamos um mundo novo, novas paisagens, diferentes belezas e problemas. Sim, problemas também, porque o mundo não é o paraíso prometido. Porém, existe uma fundamental diferença. Parece que educamos nossos olhos para ver, apenas, o lado bom da vida, e passamos a ver, unicamente, o que nos interessa ver. Afinal, estamos de passeio e facilmente somos identificados como turistas. Exercitamos um pouco e até de forma inconsciente, nosso egoísmo, porque o problema dos outros não nos interessa, já que nos bastam os nossos. Estou de regresso do Uruguai, um país em que estive por lá há muitos anos. Mudou pouco. Montevidéu é uma capital simpática e de povo acolhedor. O custo de vida me pareceu alto. Apesar do nosso real está bem valorizado por lá, não usufruímos vantagens diante dos preços praticados em peso. Uma simples camisa social está custando mil pesos, um pouquinho mais que pagaríamos aqui em Real, creio eu. Resolvemos que gastaríamos apenas em hospedagem, transporte e alimentação. Nada de comprar lembrancinhas e presentes. Como pretendia visitar Punta Del Este e Colônia do Sacramento, cheguei à conclusão, diante dos cálculos, que seria mais confortável e econômico o aluguel de um carro. As estradas no Uruguai são muito boas e bem sinalizadas e, como já era de se esperar, existe pedágio. Nas ruas e avenidas encontramos os famigerados “flanelinhas”. Se aturar “flanelinha” em português já é doloroso imaginem em espanhol. Para quem reclama do calor do Rio, sugiro uma visitinha a Montevidéu. Tirando os prós e os contra, bastaria Punta Del Este para justificar o passeio. Parece que a cidade foi preparada para receber os turistas. Bom clima, boa comida, belas paisagens, belos casarios, boas ruas e avenidas e transito tranquilo, mesmo na época de férias, quando, imagino eu, costuma dobrar ou triplicar a população.

    De volta ao Brasil, mais especificamente a Petrópolis, e depois de uma boa noite de sono, acordo, tomo meu café matinal e abro os jornais. Preciso saber se aconteceu algo de novo nesses poucos dias em que estive distante. Corro os olhos pelas manchetes publicadas na Tribuna de Petrópolis: “Ônibus escolar, sem freio fere cinco pessoas e atinge uma casa”. Felizmente estava sem as crianças. “Corte de energia em Nogueira e Correas”. Imaginem o sofrimento de quem mora por lá. “Foco de mosquito ao lado do cartão postal” e outro: “Obra abandonada favorece proliferação de mosquito”. É rezar para não ser picado e pegar “dengue”. ”Buraco fecha parte da pista em Araras”.  Buraco de respeito. “Depósito ilegal de entulhos em Rua do Bairro São Sebastião”. Ambiente propício para reprodução de ratos e mosquitos. “Problemas no Rocio e em Vargem Grande”. Falta um pouco de tudo. E o mais grave: “Falta de Vacinas nos Postos”. É o eterno descaso das autoridades com a saúde, principal problema do nosso povo.

    Estou de volta ao Brasil e, infelizmente, tudo é carnaval. 

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