• Vitória modesta de seu partido revela rejeição inesperada a Modi na Índia

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  • 05/jun 08:08
    Por Redação, O Estado de S. Paulo / Estadão

    Eleitores indianos demonstraram uma rejeição inesperada à liderança do primeiro-ministro Narendra Modi, deixando seu partido nacionalista hindu aquém da maioria absoluta no Parlamento. Apesar de sua vitória para um terceiro mandato, o resultado das eleições legislativas manchou a aura de invencibilidade em torno do político indiano mais dominante das últimas décadas.

    Embora o partido de Modi, o Bharatiya Janata Party (BJP), tenha terminado em primeiro lugar e ainda esteja bem posicionado para formar um governo com seus aliados nos próximos dias, seu desempenho foi um encolhimento em comparação com sua performance em 2014, quando Modi chegou ao poder levado por uma onda de raiva nacional sobre corrupção. Mais modesto também que o de 2019, quando o premiê foi impulsionado pelo sentimento nacionalista em meio a um confronto de fronteira com o Paquistão.

    Os partidos de oposição da Índia celebraram o resultado que marcou um revés raro para um político indiano que nunca deixou de garantir uma maioria em eleições estaduais ou nacionais ao longo de uma carreira política de 23 anos.

    Como primeiro-ministro na última década, Modi cultivou uma imagem de um líder forte, popular e invencível. Para a maioria dos analistas políticos, era esperado mais uma vez que ele afastasse facilmente os partidos de oposição na Índia, desanimados e mal financiados.

    Antes da eleição, o governo Modi congelou contas bancárias de membros da oposição, prendeu alguns de seus líderes sob acusações de corrupção e teve uma cobertura quase que exclusivamente elogiosa por parte das empresas da grande mídia controladas por seus aliados. A conduta provocou advertências dentro da Índia e no exterior de que eleições verdadeiramente competitivas poderiam estar desaparecendo da maior democracia do mundo.

    “Mas os resultados (desta terça, 4) mostraram que a democracia da Índia não está tão morta quanto pensávamos”, disse Devesh Kapur, cientista político da Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins. “Essa surpresa eleitoral mostra que os eleitores ainda têm uma mente independente.”

    Enquanto o BJP ganhou confortavelmente uma supermaioria parlamentar por conta própria em 2014 e 2019, agora precisa trabalhar com aliados para controlar pelo menos 272 assentos na câmara baixa do Parlamento de 543 membros, a Lok Sabha, necessários para formar um governo.

    Coalizão

    Segundo os dados da Comissão Eleitoral, o BJP obteve 224 cadeiras e estava a caminho para conquistar mais 16, chegando a um total de 240. Os resultados são muito inferiores aos das eleições de 2019, quando ele obteve 303 deputados. Somando seus aliados, o partido de Modi deve conseguir os 272 assentos para a maioria parlamentar.

    Já o principal partido da oposição, o Congresso Nacional Indiano (legenda de Nehru Gandhi, o primeiro-ministro após a independência do país, e de Indira Gandhi), obteve 88 cadeiras e estava a caminho de conquistar mais 11, em um total de 99 legisladores, ante os 52 no atual Parlamento. A votação na Índia ocorreu entre os dias 19 de abril e 1º de junho.

    Ao comentar os resultados, Modi adotou um tom desafiador. “Quando os corruptos se reúnem para proteger seus interesses políticos e transcendem todos os limites da vergonha, isso fortalece a corrupção”, disse Modi, que pela primeira vez, em anos, pareceu vulnerável. “No terceiro mandato, o governo tomará de forma decisiva todos os passos necessários para erradicar a corrupção.”

    “O governo se estendeu demais”, disse Nilanjan Sircar, cientista político no Centro de Pesquisa de Políticas em Nova Délhi. “As pessoas estavam desconfortáveis com suas ações. Algumas linhas vermelhas foram cruzadas.” (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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