Vítimas da tragédia na Castelânea levam ao MPRJ relatório com as demandas urgentes da comunidade
Pelo menos dez locais foram incluídos no documento, encaminhado ao Ministério Público
Cansados de aguardar providências do poder público, a Associação de Moradores da Castelânea criou um relatório elencando todas as demandas urgentes da localidade após as chuvas do início do ano. O documento foi enviado ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e parte das demandas foram apresentadas nesta sexta-feira (5), em vistoria técnica convocada pelo MP. Entre os problemas, estão o despejo irregular de detritos em uma encosta, vias com risco de ceder e a necessidade de limpar bueiros e galerias.
No total, dez regiões da Castelânea foram incluídas no relatório, assinado pela presidente da Associação, Juliana Rodrigues Esteves, que destaca que o foco principal dos moradores é encontrar uma solução para os problemas do bairro.
“Nós precisamos de soluções, precisamos que alguém olhe por nós. Por isso nos unimos, criamos a Associação e agora estamos estreitando o contato com os moradores e com o Ministério Público. A luta é por todos, porque a situação aqui na Castelânea ainda é grave”, disse Juliana durante a visita técnica do MP.
No documento, também detalha que há trechos da Servidão João Nicolau Neissius com casas tomadas por lama e detritos; pontos da Praça Pasteur com buracos; vários pontos da Rua Francisco Blatt cedendo; necessidade de obras na Vila Vasconcellos, onde casas foram atingidas por deslizamentos; e problemas com os deslizamentos que atingiram o Sargento Boening.
Comdep remove entulho de casas e despeja em encosta
Na Servidão Luiz Macedo, há diversas casas atingidas por deslizamentos, mas apenas uma delas está recebendo o trabalho de remoção de detritos da Comdep. Por toda a extensão da servidão, podem ser vistos trechos das calçadas cedendo ou já completamente destruídos.
A equipe da Comdep que está atuando em uma casa no fim da servidão está, desde o início dos trabalhos, despejando a lama e outros detritos em um barranco próximo à residência, deixando o local com odor forte e riscos de novos escorregamentos.
Em um trecho da servidão, há uma ligação com a Rua Conde D’Eu (no seu trecho final), onde grande parte dos imóveis estão interditados, mas os moradores continuam morando no local. A maior parte deles alega não ter conseguido um imóvel com o aluguel social ou nem mesmo ter sido incluído no benefício. Neste local, há uma cratera que se abriu nos fundos de uma casa, o que também é motivo de muita preocupação.
Já na Rua Oswaldo de Freitas, grandes deslizamentos ocorreram ao longo da via, mas apenas a passagem dos carros foi desobstruída, sem remoção dos detritos restantes, que podem ceder novamente.
Esgoto escorre a céu aberto no Rio Verna
Um trecho do Rio Verna, afluente do Rio Quitandinha, que corta parte da Castelânea, também foi visitado pela equipe do MP junto aos técnicos e a Associação de Moradores. No manancial do rio, no fim da Rua Oswaldo de Freitas, a grande quantidade de esgoto despejado a céu aberto foi motivo de muita preocupação.
Já em outro trecho, visitado anteriormente por técnicos e objeto de determinação do juiz Jorge Luiz Martins, titular da 4ª Vara Cível, na Praça Pasteur, apenas o mato foi removido acima dos sedimentos, sem que o local fosse propriamente desassoreado. Este é o trecho final do Verna, onde o mesmo deságua no Rio Aureliano, que segue em direção ao Rio Quitandinha nas Duas Pontes.