Violência e o paralelo ’64
Um amigo perdeu o emprego estável, por acusações infundadas, cujo acusador teve apoio de todos os colegas, pelo simples fato de “ouvirem dizer”. Ocorre que, depois, o acusador foi demitido como o real culpado e a “opinião geral” mantém até hoje críticas ao primeiro, desprezando a verdade. Poucos, muito poucos, tiveram a dignidade de se desculparem, mas as maledicências fervem, batendo sempre na mesma tecla, por comodidade e ignorância, mas já dizia a velha marchinha carnavalesca que “a água lava tudo, só não lava a língua dessa gente”.
E se um fato isolado, ocorrido num local restrito, fácil de ser esclarecido não o foi, o que se dirá de outros mais abrangentes, que alguns conviveram e muitos julgam por “ouvir dizer” e não mudam de opinião nem se convencem da realidade – por pura omissão – mesmo que a maioria diga não querer se “comprometer”, mas se é para acusar, vamos lá, mesmo por “ouvir dizer”. E é como disse o filósofo Denis Diderot :- “Sorvemos de um só gole a mentira que nos adoça e somente gota a gota a verdade que nos amarga.”
Assim, façamos um paralelo da violência de ´64 com a de hoje, não dos militares, mas dos que se intitulavam “salvadores da pátria”:- assaltavam bancos, como agora ocorre; matavam inocentes, como agora ocorre; apavoravam a população, como agora ocorre e provocavam a baderna, como agora ocorre. Talvez tenham, até, se espelhado nos de ´64. Afinal, se as atuais quadrilhas são primárias, sem maiores treinamentos, seriam mais perigosas que aquelas que se exercitaram em Cuba, China e Rússia? Não! Na minha modesta opinião, nem melhores nem piores – são idênticas, com uma única diferença: – as daquela época eram punidas, as de hoje têm o beneplácito das leis e tolerância da incompetência das autoridades, ausência de força e de austeridade, além da falta de capacidade já que de nada vale o Ministro da Defesa declarar que o sistema de segurança está falido, se tudo está falido no país. E daí? Vamos ficar à mercê de bandidos, mesmo pagando impostos escorchantes e inflação camuflada?
Que os militares fiquem nas casernas, mesmo sendo convocados pelo governo para servirem como “bucha de canhão”, mas deixem que os civis desta suposta democracia amarguem seus erros, se a segurança deles está garantida e o povo que se dane. E se eles não têm a dignidade de se desculpar pelos inúmeros malfeitos em todos os sentidos e por tanto tempo, que nós a tenhamos , pelo menos, para avaliar e comparar, com isenção, se todos, sem exceção, quando se envolvem em divergências pessoais, cada lado tem sempre a razão absoluta. Assim, só nos resta invocar o inglês John Donne quando disse:- “Por quem os sinos dobram? Eles dobram por ti!”.
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