• Violência doméstica: dados mostram queda no número de registros no período de isolamento, mas ISP cita subnotificação

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  • 05/06/2020 11:52

    Na contramão de grandes cidades como São Paulo, por exemplo, os registros de casos de violência doméstica em Petrópolis tiveram queda neste período de isolamento. De acordo com dados da 105ª Delegacia de Polícia (DP), no Retiro, entre 13 de março, quando as medidas de restrições para conter a disseminação do coronavírus começaram, até o dia 30 de abril houve uma queda de 21%.

    Segundo os dados da 105ª Delegacia de Polícia obtidos no sistema de registros de boletins, neste período foram contabilizadas 91 ocorrências de violência doméstica. Em 2019, entre 13 de março e 30 de abril, foram 114 no total. A Tribuna solicitou dados da Polícia Militar (PM) sobre os atendimentos a pedidos de socorro por este tipo de crime que chegaram pelo telefone de emergência 190, mas não obteve resposta.

    Para a delegada titular da 105ª DP, Juliana Ziehe, vários fatores podem ter levado a essa queda. Ela diz que é precipitado fazer uma análise dos números neste momento. “Quando acabar esse período e as mulheres forem comparecendo à delegacia para efetuarem os registros, podemos fazer uma espécie de entrevista e estudar esse fenômeno. É precipitado fazer uma conclusão de pronto sobre o porquê dessa taxa ter caído em Petrópolis”, disse a delegada.

    A redução nos registros de violência doméstica também surpreendeu a coordenadora do Centro de Referência e Atendimento à Mulher (Cram), Cléo de Marco. “Tínhamos uma preocupação de que houvesse um aumento dos casos por conta do isolamento e foi uma surpresa ver que não foi isso que aconteceu. Não sabemos ainda bem o porquê, mas eu acredito muito no fato de as pessoas não estarem saindo tanto e consumindo bebida alcoólica. Boa parte das agressões às mulheres acontece quando os homens estão alcoolizados”, comentou a coordenadora.

    Ela disse que o atendimento às vítimas continua normalmente neste período de pandemia. “Não estamos podendo fazer os atendimentos de forma presencial, mas todas as mulheres que entram em contato são atendidas e têm todo o apoio da rede de assistência. Aquelas que já são atendidas pelas nossas equipes também continuam com as consultas de forma online”, informou Cléo.

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    Esta semana, o Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP), divulgou um levantamento dos casos de violência contra a mulher no Estado neste período de isolamento social. De acordo com os dados, houve queda de 48,5% em comparação ao mesmo período de 2019 nos crimes enquadrados na Lei Maria da Penha. 

    Segundo o ISP, sobre os registros de ocorrência, o percentual de redução do número de vítimas variou de acordo com o tipo de violência: 43,7% de queda em relação a violência física, 51,6% em relação à violência sexual, 58,8% no campo de violência psicológica, 65,4% em relação à violência moral e 60,8% referente à violência patrimonial. 

    De acordo com o levantamento do ISP, o serviço 190 da Polícia Militar apresentou aumento na quantidade de ligações sobre “Crimes contra a Mulher” (12,0%), na mesma comparação de datas. Para o instituto, a redução do número de registros não significa que a violência contra a mulher esteja diminuindo, mas, sim, que poderá haver subnotificação neste período de isolamento social.

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