• Vinhedo: moradores viram avião se aproximando do chão, em direção a suas casas

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  • 10/ago 08:08
    Por José Maria Tomazela, Caio Possati, Rafael Franco e Ítalo Lo Re / Estadão

    Moradores do condomínio Recanto Florido e seus vizinhos do Bairro Capela, em Vinhedo, viveram momentos de pânico ao avistar a aeronave da Voepass caindo em direção ao solo.

    “O avião começou a rodopiar. Aí ele deu uma outra volta. A casa tremeu”, lembra Nathalia Poiato, de 61 anos. “A gente não sabia o que fazer. Corria para dentro, corria para fora. Na hora em que o avião caiu, já explodiu e começou a sair fumaça e muito fogo.”

    “Estou em estado de choque”, diz Aline Lima, moradora da casa cujo jardim foi atingido pela queda do avião. Ela estava na residência ao lado do marido e de uma ajudante. “Meu jardim ficou completamente destruído, mas estamos todo bem, graças a Deus.”

    A aposentada Gertrudes Pereira, de 72 anos, estava na cozinha quando ouviu o barulho do avião em queda e saiu rapidamente na varanda. “Achei que ia cair em cima da minha casa.” Sua nora, a educadora Michele Simões, estava com ela. “A parede até tremeu”, conta. Em um primeiro momento, ela achou que era um helicóptero querendo pousar. Até que ouviu o estrondo da queda. “Então, subiu uma fumaça preta muito forte.”

    Barulho

    Renata Mezzanati, moradora de um condomínio vizinho, descreveu o pânico que passou ao lado da sua filha no momento do acidente. “Era por volta das 13h20 e eu chamei a minha filha para a gente ver pela janela de onde estava vindo aquele barulho, que era muito alto. Logo depois, quando a gente olhou de novo, vimos que o avião estava descendo, rodopiando em cima da nossa casa, até que caiu bem pertinho da gente.”

    Beatriz Contatto, moradora da rua onde o avião caiu, estava fora de casa e recebeu uma ligação da mãe na hora da queda. “Ela achou que o avião poderia cair na nossa casa. Minhas filhas estavam com ela. Minha mãe disse que percebeu o barulho muito alto aumentando e ficando cada vez mais próximo, e que estava acompanhando o avião caindo. Depois, ouviu uma explosão quando ele tocou no solo.”

    A aeronave ART 72-500 caiu nas imediações da casa de Delmiro Menezes de Souza, de 65 anos. Com o susto, ele sofreu uma queda brusca da pressão arterial “O avião embicou para o meu lado. Pensei: ‘Agora vai me matar’. Ele girou e, quando eu vi, foi o baque. Eu tenho pressão alta, mas, na hora, ela baixou demais”, disse.

    Gritos

    Grazielli, também vizinha do local do acidente, relatou ter ouvido duas explosões. “Minha mãe começou a gritar que o avião estava caindo. Eu entrei correndo. Aí ela me puxava para um lado e eu puxava ela para o outro. A gente não sabia se saía de casa ou se voltava para dentro. Houve uma explosão. Logo em seguida, mais uma. Foram duas”, lembra.

    A biomédica Ana Paula Ferragut, moradora do Recanto Florido, estava trabalhando em casa quando começou a ouvir “um barulho muito alto”. “Era por volta de 13h20. Eu fui para a sacada, olhei para cima e vi o avião girando, ‘parafueseando’ no ar até cair. Foi horrível”, relata. Após a queda, ela diz que começou a ver uma fumaça preta e a ouvir uma “sequência de explosões”.

    Uma moradora de uma casa ao lado do condomínio disse que o barulho da queda da aeronave parecia um “caminhão passando na rua com uma carga pesada”. Michelle Oliveira, de 40 anos, afirma que a primeira reação que teve foi ligar para o marido e avisá-lo sobre o acidente. A distância da casa dela para o condomínio é de cerca de 200 metros.

    “Eu estava no quarto e escutei um barulho muito grande em cima da casa. Eu pensei que era um caminhão passando na rua, carregando alguma coisa pesada, um ferro. Aí, quando eu olhei aqui na janela da cozinha, eu vi a fumaça e ouvi o barulho. Tremeu a casa inteira”, afirma a moradora.

    Residente de um condomínio vizinho, o comerciante Edson Martins, de 46 anos, conta que chegaram a cair destroços do avião dentro da sua casa. “Caiu um pedaço de ferro em um dos quartos”, diz. O condomínio foi isolado para averiguação da polícia.

    Luis Augusto de Oliveira, analista de sistemas, de 56 anos, também teve a casa danificada por causa do acidente. Na tarde de ontem, ele recolheu alguns pertences pessoais, como malas, roupas, produtos de cosméticos e itens de geladeira antes de sua residência ser interditada.

    Risco

    O prefeito de Vinhedo, Dario Pacheco, afirmou que foi ao condomínio onde aconteceu o acidente para tentar ajudar e socorrer as vítimas como médico, mas que não foi possível prestar o socorro devido ao risco de explosão.

    “Eu cheguei na hora e vi, sou médico, vim para trabalhar, para socorrer. Mas, chegando e vendo o mundo de chamas e o risco de explosão, não teve como chegar ao local propriamente, chegamos a 20 metros do acidente só.”

    “Infelizmente o avião estava em chamas, todo estourado, quebrado, arrebentado, e sem condições de fazer nenhum atendimento. Havia risco de explosão, e, com isso, não deu para socorrer ninguém. Todos estavam mortos, a queda foi muito abrupta, muito alta a altitude”, acrescentou o prefeito.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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