Vice de Milei causa revolta de fãs de k-pop na Argentina
Victoria Villarruel, vice da chapa do libertário Javier Milei, candidato a presidente da Argentina, não costuma ficar em cima do muro. Ela nega o terrorismo de Estado durante a ditadura militar, defende os torturadores e promete revogar as leis que legalizaram o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Agora, porém, Villarruel arrumou encrenca com um grupo engajado: os fãs da banda BTS, uma das mais conhecidas do universo k-pop (música jovem coreana). “Repudiamos as declarações de ódio e xenofobia contra a imagem do BTS proferidas pela candidata Victoria Villarruel”, tuitou a conta do BTS da Argentina.
A revolta dos fãs argentinos começou quando tuites de Villarruel, postados em 2020, foram desenterrados recentemente, incluindo uma mensagem em que ela diz que o nome da banda parece “uma doença sexualmente transmissível”.
A banda sul-coreana é um fenômeno mundial e um dos poucos grupos, desde os Beatles, a colocar quatro álbuns como os mais vendidos dos EUA em menos de dois anos. Em 2018, o vídeo da música Idol foi visto 45 milhões de vezes em 24 horas no YouTube – um recorde.
No ano passado, os sete integrantes do BTS foram recebidos na Casa Branca pelo presidente dos EUA, Joe Biden, depois de se tornarem os artistas musicais mais reproduzidos da história do YouTube, com mais de 26 bilhões de visualizações.
Diante do tamanho da reação, Villarruel postou uma mensagem lamentando o episódio. Os adversários, no entanto, pegaram carona no deslize. O peronista Juan Grabois, que perdeu as primárias de agosto para Sergio Massa, respondeu com um aviso: “Mexeu com o BTS, mexeu comigo. Não se brinca com o k-pop.”
Villarruel tem um papel importante na campanha de Milei. Frequentemente, ela usa as redes sociais para travar algum tipo de guerra cultural, desde campanhas contra o aborto até críticas a homens baixinhos. Seu alvo preferido são os direitos humanos e os indígenas.
Ela ataca frequentemente as Mães da Praça de Maio, grupo fundado por parentes de vítimas da ditadura, e critica o uso de bandeiras LGBTQ+ e de comunidades indígenas nas salas de aula. “Nosso governo acabará com a doutrinação que apaga nossa identidade nacional”, escreveu Villarruel no X (ex-Twitter), em agosto – mensagem que ela logo apagou.