• Versão serrana de treinamento de judô atrai atletas cariocas

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  • 20/07/2017 14:53

    Bianca Cristina de Souza, de 16 anos, acordou ontem pontualmente às cinco da manhã. Lá fora estava seis graus e a atleta carioca teve alguma dificuldade para levantar da cama para seguir uma rotina de treinamentos do chamado kangueiko de Petrópolis, que está acontecendo desde a última terça-feira e se encerrará amanhã no colégio PH (ex-São José), na rua Montecaseros. 

    Bianca e mais 41 atletas estão hospedados no estabelecimento de ensino para uma série de treinamentos, que são orientados por professores da Confederada Rio Judô. Os aprontos ocorrem três vezes ao dia, seguindo uma metodologia rígida que tem origem no Japão. A palavra Kangueiko significa “treino de inverno” e deriva de um trabalho austero de preparação para as competições.

    Os judocas que estão abrigados no colégio PH têm, em média, entre 12 a 18 anos. São oriundos de academias ligadas a Confederada Rio Judô, e moram em diversos bairros do Rio de Janeiro. Todos eles objetivam o aprimoramento técnico, além é claro do sacrifício que é imposto pela preparação em si. No Japão, o kangueiko são comuns entre os jovens do país, pois são levados ao extremo da dedicação em nome do aprimoramento físico e técnico.

    Que o diga o presidente da Confederada, Joaquim Mamede, que comanda o kangueiko em Petrópolis. Ele lembrou que, em certa ocasião, foi ao Japão para realizar esse tipo de treinamento e diz ter enfrentado uma temperatura de nove graus negativos. “Se comparado ao que passei no Japão, o kangueiko aqui é ´moleza´”, brincou Mamede, que acentua a cobrança aos meninos em nome do futuro do atleta e do esporte brasileiro.

    “Aqui fazemos um treinamento diário durante três vezes. Saímos do trabalho diário normal para um apronto diferenciado”, explicou o presidente da entidade. A rotina diária dos judocas começa bem cedo e só termina lá pelas oito horas da noite. E tudo é supervisionado pelos professores Rodrigo Monteiro, Alexandre Benvenutti, Hélio Fernando e Patrícia Fernandes, que a julgar pela experiência de todos, os atletas vão ficar na ponta dos cascos para as competições que estão por vir nesse segundo semestre.

    Inverno petropolitano foi o motivo da escolha

    O kangueiko é tradicionalmente realizado no frio, desde os seus primórdios. Por isso, a Confederada Rio Liga resolveu escolher Petrópolis por conta do gélido clima no inverno. Para a entidade, essa foi a decisão mais acertada e comparou a realização desse evento no ano passado, que aconteceu em Cabo Frio. Joaquim Mamede até brincou com a situação. “Fomos para Cabo Frio no inverno. Os treinos foram bons, mas faltou o frio”, disse ele.

    Dissidência da Federação do Rio, a Confederada assegura que possui um viés social e se inspira nos bem-sucedidos projetos que revelaram verdadeiros craques do tatame. A referência, por exemplo, é Rafaela Silva, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos do Rio 2016. “Nas comunidades e associações, procuramos dar essa ênfase social ao trabalho que fazemos no judô. Como aconteceu com Rafaela Silva, há talentos que podemos desenvolver para representar bem o Brasil nas competições internacionais. Por isso, acreditamos que é possível trabalhar atletas que podem dar resultados, justamente nas comunidades do Rio”, finalizou Mamede. 


      


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