Verde-e-amarelo aparece discreto e divide público do 7 de Setembro
O uso de vestimentas e acessórios nas cores verde e amarela no dia 7 de Setembro, um pedido do presidente Jair Bolsonaro, dividiu os participantes do desfile cívico-militar em São Paulo. Alguns disseram “sim” e compareceram com camisas da seleção brasileira de futebol, enrolaram-se em bandeiras e prometiam uma rodada dupla de eventos: depois do desfile na Avenida Dom Pedro I, no Ipiranga, pela manhã, prometiam se deslocar para a Avenida Paulista, local de manifestações em apoio ao Governo Federal.
Outros participantes descartaram a conotação política e disseram que as cores são apenas sinônimo de patriotismo no bicentenário da Independência.
Por causa da data e da reinauguração do Museu do Ipiranga, a cerimônia foi transferida para a Avenida Dom Pedro I, no Ipiranga, em frente ao Parque da Independência, neste ano. Centenas de pessoas comparecem com as cores da pátria. Parte dos participantes manifestaram claramente sua motivação com bonés com a inscrição “Bolsonaro 2022”. Abordados pelo Estadão, alguns não quiseram dar declarações.
Nas proximidades da Rua Ouvidor Portugal, travessa da Avenida Dom Pedro I, o comerciante Raimundo Lopes, de 40 anos, tremulava uma bandeira de 3 metros. O presente de um amigo, recebido há 20 anos, saiu do armário nos últimos anos em apoio ao presidente da República. “Trouxe a bandeira em apoio a ele. Saio daqui e vou para a Avenida Paulista para mostrar nossa preferência”, disse o morador da zona sul.
Para o taxista Willy Pires, de 38 anos, a bandeira amarrada no pescoço simbolizava apenas patriotismo na data do bicentenário. “A bandeira é o símbolo de um sentimento pelo Brasil, independentemente de qualquer candidato. Quero despertar isso no meu filho”, disse o profissional do trânsito com Theo, de 3 anos, no colo.
Esse foi o mesmo sentimento que motivou o auditor Genilson Brito, de 53 anos, a usar a camisa de seleção brasileira de futebol. “Sempre uso amarelo nesses eventos para celebrar o Brasil, nossa Pátria”, diz o morador do ABC Paulista. “É uma data histórica. É um bom motivo para usar verde-e-amarelo, não é?”, questiona.
Até os vendedores ambulantes de acessórios com as cores do Brasil perceberam a divisão dos participantes. No final do desfile, o vendedor Manuel Ribeiro, de 60 anos, fez as contas. Das 25 bandeiras que trouxera, ele vendeu 10, quase a metade. O perfil de quem comprou foi distinto. “Vi família com criança, bolsonarista e também quem veio só ver o desfile. Teve gente que já comprou pensando na Copa do Mundo também”, disse o vendedor, referindo-se ao evento de novembro no Catar.