• Vazio profundo

  • 02/08/2018 11:09

    Estou assustado. Em minha existência, no acompanhamento de cidadão comum da vida nacional, jamais havia experimentado a sensação de profundo vazio (ou vazio profundo) como hoje.

    O século XXI, em nosso país, foi de péssimo começo, a partir da eleição do sindicalista metalúrgico à presidência da República por sustentação e espúrio compromisso de uma quadrilha que tomou de assalto o erário, a decência nacional, a vida constitucional razoavelmente ilibada. Instalou-se um caos medonho, levando de roldão reputações que desconhecia-se tão comprometidas com o mau-feito somado à incapacidade política flagrante nos atos e fatos da nossa quase república bolivariana brasileira.

    O Brasil, de vocação líder no concerto americano, rendeu-se a repúblicas menores, de regimes autoritários, de esquerdismo ultrapassado. Esteve quase morto e sepultado  nos escombros da ganância e da irresponsabilidade politica e empresarial de alguns grupos de larápios, cego diante dos exemplos de fortes nações mundiais que acordaram e cresceram sob a contemporaneidade do mundo hodierno.

    Sofremos quatro eleições de predominância do predatório grupo, graças ao enfeitiçar da população eleitora integrada por gente simples e alguns intelectuais mordidos por carrapatos-estrelas hospedeiros de febres alucinatórias graves.

    Nem acredito no que assisto no ano eleitoral mais curto de nossa história, diante do registro de candidaturas de políticos comprometidos até as mais recôndidas crateras da decência humana, com os mesmos discursos, confrontos, horrendas mútuas acusações, com o Poder Judiciário entontecido de processos que enlouquecem e envergonham o cidadão honesto e verdadeiramente trabalhador.

    Posso afirmar que vivemos num picadeiro de circo onde o apresentador, com seu chicote, estala a paciência da arquibancada com discurseira inócua e propaganda ruidosa de poucos feitos de quase nenhum mérito. Na outra ponta da arena circense os demais poderes, rasgando as calças nos pregos mal batidos dos assentos esburacados, dejetam nódulos diabólicos em causa própria, jamais contemplando a miséria na qual está atolado o seu traseiro, este igual ao do eleitor que o tem conduzido a esses períodos de sinecuras e bandidagens.

    E que jeito outro possuímos, senão encarar as mesmas carantonhas, os mesmos discursos, as promessas de paraísos, na certeza de que continuamos a sofrer o mesmo embuste eleitoral de outros tempos?

    Porém, continuo acreditando na humanidade  e nas criaturas semeadoras do bem e, por tanto, vou votar como sempre o fiz, no respeito a um direito de protestar contra quase tudo o que está acontecendo.

    Poderia ficar em casa já que estou isento diante da lei eleitoral por viver por mais de oito lustros completos.

    Mas, em quem? Em quais indivíduos (ou indivíduas?) votarei?

    O país está de pernas para o ar e eu, no trampolim olímpico da vida, subo e desço, levanto e caio, venho e vou no tatame da esperança.

    E ela – a esperança – somente morrerá, no meu caso, comigo. Votando, desejo deixar algo bem-feito para os brasileiros que sobrevivam aos tsunamis do mau-caratismo e da bandalheira nas trilhas do novo século

    Venceremos! Nosso dia chegará!


     

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