Vazamento em maior gasoduto entre Rússia e Europa foi causado por sabotagem
As explosões que afetaram em setembro os gasodutos Nord Stream 1 e 2 no Mar Báltico, construídos para transportar gás da Rússia para a Europa, foram uma sabotagem, anunciou nesta sexta-feira, 18, o procurador responsável pela investigação preliminar conduzida pela Suécia.
“As análises feitas mostram restos de explosivos em vários dos objetos estranhos encontrados”, afirma em um comunicado o procurador Mats Ljungqvist, que comanda a investigação preliminar aberta após a descoberta, no final de setembro, de quatro grandes vazamentos de gás nos gasodutos que ligam a Rússia com a Alemanha.
“A continuidade da investigação preliminar mostrará se alguém pode ser processado”, acrescentou a Promotoria.
O procurador disse que a investigação preliminar era “muito complexa e abrangente” e um exame mais aprofundado mostraria se alguém poderia ser acusado “de suspeita de crime”. Investigadores na Suécia, Dinamarca e Alemanha estão investigando o que aconteceu.
As autoridades dinamarquesas confirmaram em outubro que houve grandes danos aos gasodutos causados por “poderosas explosões”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse na sexta-feira, 18, que era “muito importante encontrar aqueles que estão por trás da explosão”.
As descobertas da Suécia sobre “um ato de sabotagem ou ato terrorista – você pode chamá-lo do que quiser” confirmam “as informações que o lado russo teve”, disse Peskov.
Moscou precisa esperar por uma avaliação completa dos danos para decidir se repara os gasodutos, disse ele.
O Nord Stream 1 transportou gás russo para a Alemanha até que Moscou cortou o fornecimento no final de agosto. O Nord Stream 2 nunca entrou em serviço porque a Alemanha suspendeu seu processo de certificação pouco antes de a Rússia invadir a Ucrânia em fevereiro.
Duas avarias foram registradas na zona econômica da Suécia e duas na da Dinamarca. As inspeções preliminares submarinas reforçaram as suspeitas de uma sabotagem, pois os vazamentos foram precedidos por explosões, segundo os investigadores.
No fim de outubro, o consórcio Nord Stream, que tem a empresa russa Gazprom como acionista majoritário, enviou um navio civil de bandeira russa para inspecionar a zona sueca.
Em novembro, o Nord Stream também recebeu autorização para inspecionar a zona dinamarquesa e uma investigação ainda está em curso.
Os dois gasodutos estão no meio da tensão geopolítica desde o início da guerra na Ucrânia, agravada pela decisão da Rússia de interromper o fornecimento de gás para a Europa em represália às sanções ocidentais. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)