• Varíola dos macacos: o que precisamos saber sobre essa doença?

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  • 14/08/2022 11:28
    Por Redação/ Tribuna de Petrópolis

    O Estado do Rio de Janeiro contabiliza, até esta última semana, 314 casos da Monkeypox (varíola do macaco), sendo dois deles registrados na cidade vizinha, Teresópolis. Diante do aumento no número de casos no Brasil, o infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (UNIFASE/FMP), José Henrique Castrioto, esclarece algumas dúvidas sobre a doença.

    O que é a Varíola dos Macacos?

    Infectologista José Henrique Castrioto – é uma doença infecciosa, causada pelo vírus Monkeypox, que pertence à mesma família do vírus que causava a varíola, doença erradicada na década de 80. É importante destacar que a varíola dos macacos é uma zoonose, ou seja, uma doença que infecta os seres humanos a partir de animais que estejam com o vírus.

    Como acontece a transmissão?

    Infectologista José Henrique Castrioto – especialmente pelo contato pessoal e direto com secreções respiratórias, lesões na pele de pessoas que estão contaminadas ou por objetos infectados. No caso das gestantes, é possível infectar também os bebês através da placenta.

    Como prevenir?

    Infectologista José Henrique Castrioto – é muito importante utilizar a máscara de proteção, uma vez que a transmissão pode ser feita também pelas gotículas das vias respiratórias. Além disso, evitar lugares fechados, contato físico por meio de relação sexual, beijos e abraços com pessoas que tenham lesões na pele, além de nunca tocar nas feridas e nas roupas dos pacientes. Higienizar bem as mãos diariamente, especialmente, ao ter contato direto com objetos comunitários, em ambientes públicos.

    Em relação aos casos de transmissão através de uma relação sexual. Há um certo preconceito quando se fala em transmissão de varíola dos macacos por casais homoafetivos?

    Infectologista José Henrique Castrioto – independentemente de ser uma relação homoafetiva ou heterossexual, os riscos são os mesmos. A questão está se um dos envolvidos nessa relação sexual estiver infectado pelo vírus, sendo um agente transmissor da doença em potencial.

    Quais são os principais sintomas dessa doença?

    Infectologista José Henrique Castrioto – O período de incubação do vírus é em torno de 07 a 21 dias. Após esse tempo, o paciente começa a apresentar dor de cabeça, febre alta, dor nas costas, mialgia, fadiga, cansaço em excesso e aumento dos glânglios linfáticos (uma caraterística dessa doença que se diferencia das demais). Cerca de três dias após o quadro febril, a pessoa começa a apresentar as bolhas (erupções) na pele.

    Quando a pessoa deve buscar o auxílio médico?

    Infectologista José Henrique Castrioto – É importante salientar que ninguém está livre de contrair essa doença, caso tenha contato com uma pessoa infectada. Em Petrópolis, os pacientes devem buscar orientação médica nas Unidades Básicas de Saúde da Família ou nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). As gestantes e puérperas devem ir imediatamente para o Hospital de Ensino Alcides Carneiro. Geralmente, os casos identificados da doença são de quadros leves. Ao surgir os sintomas, a pessoa precisa buscar o atendimento médico e adotar as medidas preventivas de isolamento, para que não seja um agente de transmissão.

    Como é feito o tratamento da doença?

    Infectologista José Henrique Castrioto – O tratamento da varíola dos macacos é baseado no controle dos sintomas que o paciente apresenta. No caso das lesões, o paciente pode apresentar dor e precisa tratar essas lesões para evitar infecções secundárias. Grupos específicos necessitam de cuidados especiais e avaliação mais criteriosa, como as crianças, idosos e pessoas imunocomprometidas, pois podem desenvolver sintomas mais graves, que levem ao óbito.

    Existe a vacina contra a varíola dos macacos? Como o país pode se preparar melhor para imunizar a população e não sofrer com uma pandemia/endemia futura por conta dessa doença?

    Infectologista José Henrique Castrioto – Sim, existe vacina. O Ministério da Saúde já comprou alguns lotes que ainda não chegaram ao Brasil. A princípio, a vacina será administrada para os profissionais de saúde que atendem aos pacientes com a doença e grupos de maior risco. Acredito que o Ministério da Saúde deve ampliar essa estratégia com o passar do tempo.

    As medidas de prevenção contra a COVID-19 e a varíola dos macacos são basicamente as mesmas. O senhor acredita que a população estará mais suscetível às doenças infecciosas a partir de agora? por quê?

    Infectologista José Henrique Castrioto – Sim, as medidas de prevenção contra COVID19 e a Varíola dos macacos são muito parecidas e a população deve mantê-las, até mesmo porque a pandemia de COVID ainda não terminou.

    Sem dúvidas, a globalização das relações facilita a disseminação de doenças infecciosas em escala global e a possibilidade do surgimento ou ressurgimento de novas epidemias e pandemias, isso é uma realidade.

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