• Vanisa Moret Santos, psicanalista, poeta e escritora petropolitana, é a mais nova colunista da Tribuna de Petrópolis

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  • 17/fev 09:43
    Por Aghata Paredes

    Vanisa Moret Santos, psicanalista, poeta e escritora petropolitana, passa a integrar o time de colunistas da Tribuna de Petrópolis, a partir desta segunda-feira (19). Com sua chegada, os leitores podem aguardar uma abordagem multifacetada sobre temas relevantes, como a interseção entre arte, literatura e psicanálise, junto a uma análise crítica das questões contemporâneas. Para tanto, Vanisa promete explorar quinzenalmente, às segundas-feiras, assuntos como saúde mental, LGBTfobia, misoginia, romantização da maternidade, uso abusivo das redes sociais, ilusões de sucesso, euforia patológica nas redes sociais, relacionamentos tóxicos, entre outros.

    “A importância de abordar abertamente a questão da saúde mental é fundamental para desmistificar os desafios psíquicos que afetam as pessoas em diversas dimensões”, destaca a psicanalista.

    Vanisa ressalta os estigmas relacionados ao sofrimento humano, alimentados por diagnósticos psiquiátricos simplificados e pela hostilidade dirigida àqueles que não se conformam diante dos padrões de felicidade impostos pela sociedade.

    “A imposição de uma norma pode levar a rotulações e exclusões, dificultando a expressão autêntica das emoções, especialmente em momentos de luto”, acrescenta, sublinhando a importância de diferenciar tristeza e depressão severa. “Se a pessoa ficar triste por mais de uma semana, ou por mais um mês, já querem lhe indicar um psiquiatra para que ela tome algum antidepressivo. E por que isso? Para não atrapalhar a vida de quem? Tristeza não é doença!  Diferentemente, uma depressão grave pode indicar um adoecimento psíquico mais sério. Como saber a diferença? O mais recomendável seria que essa pessoa pudesse falar sobre sua perda e o que isso representa em sua vida. No entanto, é preciso ter alguém capacitado para ouvir esse sujeito em sofrimento e para que as palavras exerçam sua cura ativa. Evidentemente, essa pessoa deverá ser um profissional capacitado, com formação e experiência clínica para poder identificar quando é preciso trabalhar em parceria com outros profissionais da área de saúde mental bem como de outras especialidades”, esclarece.

    Modismos nas redes sociais

    Segundo a psicanalista, existem inúmeras confusões em torno da definição do que é considerado patológico e o que seria considerado ‘normal’, como exemplificado pelos casos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) e do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Nesse contexto, ela chama a atenção para o fenômeno atual em que essas classificações ganham destaque nas redes sociais, tornando-se uma espécie de modismo de autodiagnóstico por meio de testes online que supostamente revelam transtornos.

    “Este fenômeno é preocupante, pois a responsabilização das pessoas por suas ações parece estar ancorada em seus próprios autodiagnósticos”, alerta a especialista. Vanisa destaca ainda a presença de preconceitos e equívocos difundidos em torno do tema do sofrimento psíquico e suas consequências, enfatizando a importância crucial de abordar essa questão de forma aberta e esclarecedora.

    “Abordar esse tema é de extrema importância para dissipar preconceitos e promover uma compreensão mais precisa das complexidades envolvidas no âmbito da saúde mental”, conclui.

    Poesia como ‘sintoma’

    Questionada sobre como sua experiência como poeta e escritora impacta a abordagem que ela adota em sua prática clínica, Vanisa esclarece que, sem dúvida, sua vivência na escrita poética e criativa permeia seu estilo como teórica da psicanálise.

    “Como Freud genialmente observou e descobriu, o inconsciente tem uma estrutura de linguagem que se apresenta de modo não óbvio nas palavras, nos sintomas, atos falhos, nos chistes, nos esquecimentos e sonhos. Minha poesia é essencialmente o meu sintoma e isso tem se traduzido em um estilo que atravessa tanto minha escrita criativa como a acadêmica e teórica”, revela.

    Isso fica evidente, especialmente nas redes sociais – onde ela compartilha textos-imagens de sua própria autoria. Em seu Instagram (@vanisamoretsantos), Vanisa faz uso de escanções significantes e brinca com as palavras para evidenciar que elas não se limitam a um único significado, mas estão grávidas de novas interpretações e enigmas. Fica aqui o convite para desvendá-las.

    “Acho que trago a marca de uma alegria reinventada pela poesia e também por minha própria trajetória em análise. Tenho certa obstinação pela r’evolução que as palavras podem fazer entre nós”, explica.

    Fotos: Reprodução/Redes Sociais.
    **Esculturas de Valin Branco (@valinbrancoesculturas), artista de Tiradentes (MG).


    Vanisa é poeta, escritora, mulher, mãe, dona de casa, escritora nas horas “divagas”, psicanalista, professora e co-coordenadora do Curso de Especialização em Psicologia Clínica da PUC-RJ, Doutora e Mestre em Psicanálise, Especialista em Psicologia Clínica e em Língua Inglesa, além de autora de artigos de psicanálise e de livros de poesia, psicanálise e literatura. Um deles publicado pela Editora Atos e Divãs, Mães faltosas crônicas e outras histórias (2021). A psicanalista também é membro do Fórum do Campo Lacaniano do Rio de Janeiro e da Academia Brasileira de Poesia.

    Mais recentemente, Vanisa vem se dedicando a estudar sobre o papel das mulheres ao longo dos tempos, questionando o suposto “instinto materno” e a ideia de um desejo atávico de ter filhos, uma vez que isso não coincide necessariamente com o desejo feminino.

    Vanisa Moret Santos e o seu livro, publicado pela Editora Atos e Divãs, Mães faltosas crônicas e outras histórias (2021). Para adquiri-lo, acesse este link.
    Foto: Arquivo Pessoal

    Acompanhe a coluna da psicanalista quinzenalmente às segundas-feiras no site da Tribuna de Petrópolis. 

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