• Vandalismo ocorre por queda da oferta de drogas na Cracolândia, diz delegado

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  • 02/06/2022 22:04
    Por Ítalo Lo Re / Estadão

    Cenas de vandalismo assustaram moradores do centro de São Paulo entre a noite de quarta-feira, 1º, e o início da madrugada desta quinta-feira, 2. A movimentação ocorreu, segundo o delegado Roberto Monteiro, por causa da falta de drogas na Cracolândia após o sucesso das ações policiais na região.

    Chefe da 1ª Seccional Centro da Polícia Civil de São Paulo, ele é um dos delegados à frente da Operação Caronte, criada para desmantelar o tráfico na área. No fim da tarde desta quinta, 2, foi realizada uma nova etapa da operação, que terminou com três detidos.

    “Ontem (quarta) à noite tivemos uma arruaça justamente porque não tem droga ali na Helvétia. Devido à repressão da polícia, o tráfico está muito reprimido e sufocado. Assim como perderam o espaço territorial deles, perderam a hierarquia que tinham ali”, afirmou o delegado ao Estadão. “Tem muito pouca droga lá.”

    Em outras ocasiões, Monteiro ressaltou que um dos cuidados da polícia é evitar que traficantes insuflem usuários de droga contra os policiais e a população em geral. Durante a madrugada, usuários de drogas promoveram quebra-quebra no centro, inclusive atirando pedras contra estabelecimentos comerciais e residências da região. Vídeos divulgados por testemunhas mostram o momento em que grupos de pessoas se deslocam por vias como a Avenida São João e a Avenida Duque de Caxias, em Campos Elísios.

    No fim da tarde desta quinta, a Polícia Civil fez uma nova incursão da Operação Caronte no cruzamento da Rua Helvétia com a Avenida São João, para onde boa parte do fluxo de usuários de droga migrou ao longo das últimas semanas. A ação contou com 40 policiais civis e 30 agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Teve ainda apoio da Polícia Militar, que ajudou a fazer o cerco na região por volta de 16h30. Os usuários foram contidos no local e passaram por revista.

    Conforme Monteiro, um procurado pela Polícia Civil foi preso e outras duas pessoas foram detidas. Os agentes ainda estão averiguando se elas estão entre os procurados. O balanço final da ação ainda não foi divulgado, mas o delegado conta terem sido apreendidos facas, canivetes, tesouras, chaves de fenda e uma quantia considerável de dinheiro. Além de pequenas quantidades de drogas.

    Após o fim da ação, que durou pouco mais de duas horas, os usuários se dispersaram por outras ruas das região e o local recebeu limpeza da Prefeitura. “Estão em ruas próximas, mas devem acabar voltando”, disse Monteiro.

    Como mostrou o Estadão, a Polícia Civil dispersou o fluxo da Praça Princesa Isabel no início do mês, o que fez com que usuários de drogas se espalhassem por vias como a Frederico Steidel e a Helvétia. Com a dispersão, o entendimento da polícia é que as ações ficariam mais facilitadas, o que aumentaria as chances de desmantelar o tráfico de drogas na região.

    Monteiro relembra que quando a Operação Caronte teve início, na metade de ano passado, cerca de 2,5 mil usuários de droga e traficantes estavam estabelecidos na Praça Julio Prestes. Nesta quinta, estima o delegado, eram cerca de 400 pessoas na Rua Helvétia, o que seria um indicativo, argumenta, de sucesso da operação. “O combustível é o traficante. Quando se combate o tráfico, ainda mais em grupos pequenos, há mais permeabilidade para prender os traficantes, permeabilidade para ações sociais e de saúde.”

    O delegado explica que, atualmente, o foco da polícia é acabar com o que chama de “ciclo vicioso” da Cracolãndia. “Fizemos um trabalho contínuo de repressão à organização criminosa que explorava o narcotráfico no fluxo”, explica. Segundo ele, ainda há ao menos 30 mandados de prisão por tráfico de drogas a serem cumpridos.

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