• Utopias, Ideologias ou ambas?

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  • 04/01/2016 12:00



    Hápoucos dias assisti na TV a um documentário sobre a vida do Betinho.Admirável! Alguém que desde cedo em sua vida sensibilizou-se pelosofrimento sem esperanças daqueles que não tem o mínimo derecursos para garantir a própria subsistência, muito menos paraserem atendidos se por desventura precisarem recuperar a saúdeabalada por alguma doença grave.

    Betinhose dedicou inteiramente a minimizar as dores dessas pessoas. Por queteria ele devotado a sua vida, não importa onde estivesse, aqui ouno exílio, a tentar mudar a situação dessa gente tão espezinhadapelas sociedades a que tinha acesso? Seu olhar continuava sendocapturado pelos mesmos problemas, fosse onde fosse. E fazia o queachava que devia ser feito. 

    Podemosdizer que ele tinha uma ideia segundo a qual acreditava poder atingiresses desvalidos, fazendo campanhas, palestras, influenciandopessoas, juntando forças para acabar com a fome no mundo inteiro.Guiava-se por sua ideologia – o conjunto de ideias que foram sedesenvolvendo a partir da ideia original: era inconformado com oparadoxo de existir tanta miséria, tanta fome num país abençoadopor tantas riquezas, num mundo com tantos recursos. Recebeu muitoapoio, mobilizou as sociedades, angariou muitos recursos a seremdistribuídos entre os mais necessitados. Infelizmente foi confundidocomo potencial agitador, uma ameaça à ordem social vigente, e, comotal, perseguido pelo regime ditatorial da época. Voltando ao Brasilapós a anistia, ele pode continuar esta obra humanitária magnífica,recebendo grande reconhecimento mundial. Betinho criou sua própriaIdeologia.

    Jáno Segundo Caderno do O Globo do dia 21/12/15, Domenico de Masi, aolançar seu novo livro: “2025- Caminhos da Cultura no Brasil”, évisto por seu entrevistador, Leonardo Cazes, como um otimistaincorrigível. Isto porque De Masi acredita que, apesar da crisecultural mundial pela qual estamos passando, o Brasil, por suascaracterísticas únicas e especiais pode oferecer um modeloalternativo de sociedade tanto à Europa quanto aos Estados Unidos. 

    Estacrise é definida por Domenico como sendo de identidade por faltar um“modelo que inspire seu destino, por não existirem projetoscapazes de indicar uma direção em relação ao futuro”. Nos diasde hoje os dois únicos modelos que temos no mundo são a Igreja doPapa Francisco e o Estado Islâmico, a meu ver, forçasdiametralmente opostas de amor, de um lado, e de ódio, de outro.

    Quantoà identidade, grandes cientistas sociais no século XX, os chamados“inventores do Brasil” teriam revelado o Brasil aos brasileiros,tornando o povo consciente de sua própria cultura e de suas pragasendêmicas como a corrupção, a violência, a desigualdade e oanalfabetismo, como apontou Fernando Henrique Cardoso. No entanto, ascaracterísticas que definem o Brasil, segundo De Masi, como a suavocação para a paz, a miscigenação e a capacidade de assimilardiferentes culturas, seriam as responsáveis por fornecer um modelode coexistência pacífica num mundo marcado pela migração demilhões de pessoas que, alem da necessidade de se adaptarem aosnovos ambientes, precisam ser aceitos e integrados socialmente.

    Éaí que entra a Utopia em cena: como a raiz de seu nome indica (dogrego: u=não, topia=lugar), não é algo palpável, porque aindainexistente, a não ser na imaginação; trata-se apenas de umaprojeção para que o futuro a concretize. Mas seu poder consisteexatamente em imaginar tal concretude, em se antecipar no tempo e,com isso, servir de guia aos passos a seguir para a sua realização.

    Emvésperas de um Ano Novo, em tempos de Natal, que nos remetem arenascimento e renovação de propósitos, torçamos para que ahumanidade consiga construir uma Utopia baseada no amor universal,visando a Paz e a Prosperidade do ser humano.

    alicerh17@yahoo.com.br

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