• Utopia

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  • 09/11/2017 12:30

    Utopia quer dizer fantasia, sonho, ilusão, algo fora da realidade. Pois muito bem, já que expliquei, vou propor uma utopia para o tema de hoje: um empreendimento comercial, loja, especializada em vender caráter. Claro que não existe, mas, se existisse não seria fenomenal? Imagine um político de carreira, desses que já deveriam ter se aposentado da política há muito tempo, procurando dar crédito a um possível projeto. Porém, devido às suas falcatruas, perdera totalmente sua credibilidade. Daí então ele se dirige a um estabelecimento especializado em vender a dita credibilidade e propõe comprar cem gramas de caráter.

     –Mas desejo caráter inglês, alemão ou japonês! – diz ele – Nada de caráter paraguaio falsificado. O atencioso balconista, preocupado em lhe vender artigo de primeira, pergunta: – Poderia me adiantar de que se trata seu projeto? – Responde o político: – Desejo garantir à opinião pública que, sendo possível realizar meu projeto, resolveríamos definitivamente o problema da saúde pública do Brasil. – Comprando apenas cem gramas de caráter? – pergunta o balconista. Para a realização de tão audacioso programa, sugiro uns trinta a cinqüenta quilos de caráter, no mínimo. Saúde é uma dos mais deficientes problemas do Brasil. As verbas destinadas aos órgãos competentes são irrisórias para atender à grande demanda.

     Até os mais famosos planos de saúde já não conseguem dar cobertura total para certas despesas. Saúde é um dos artigos mais caros que temos em nosso país. Os médicos especializados , de renome, não aceitam os salários propostos pelos planos e atendem apenas em seus consultórios, cobrando os olhos da cara. Não existe vaga para internação em hospitais públicos e nos hospitais privados o preço da diária é maior do que a dos mais famosos hotéis.

     Além disso , os principais remédios são caros. Existem uns até que precisam ser importados. – E como fica o proletariado? – Sendo atendido pelas tradicionais rezadeiras. Aí, em vez de doutor, com seus instrumentos de medição de temperatura e de batimentos cardíacos, surge a rezadeira a tocar nos ombros do cliente com seu tradicional ramo de arruda. – Ora, eu estou procurando debater um assunto sério, e você vem com deboches e brincadeiras. – E como você deseja que eu lhe atenda. Saúde no Brasil é brincadeira, meu filho. Para curar certas doenças em nossa carente população, é pura utopia, amigo.

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