UPAs voltam a restringir atendimento
Sem um acordo entre funcionários das UPAS e o Consórcio Saúde Legal, os atendimentos nesta manhã (22) nas unidades do Centro e Cascatinha continuaram restritos a casos de urgência, classificados como vermelhos e amarelos. Quem procurou as UPAS com sintomas considerados ambulatoriais foi orientado a ir para o Pronto Socorro do Alto da Serra. Hoje (22) foi o segundo dia da nova administração nas unidades.
O Consórcio Saúde Legal propôs aos funcionários a contratação por meio de cooperativa, ou seja, eles terão que ser associados a entidade e com isso perdem os direitos trabalhistas garantidos na contratação de regime de CLT (como décimo terceiro, férias, entre outros). Além disso, como cooperados os trabalhadores tem descontos maiores nos rendimentos – 20% de INSS e 30% de Imposto de Renda.
"Meu salário vai ter uma redução de mais de R$ 900 se eu me associar. Todos esses anos estamos trabalhando nas UPAS pelo regime de CLT com todos os nossos direitos garantidos. É isso que nós queremos. Estão nos forçando a aceitar essa proposta e isso nós não vamos permitir", disse uma funcionária da UPA de Cascatinha que preferiu não se identificar.
O presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde, Fernando Assumpção, lamenta a forma como o processo de contratação está sendo feito. Ele ressalta que o sindicato não está sendo comunicado e que não há diálogo com o Consórcio Saúde Legal e nem com a Secretaria de Saúde. "Não atendem os nossos pedidos de reunião e por isso estamos procolando um ofício no Ministério Público do Trabalho solicitando um encontro para tentarmos resolver esta situação", disse o sindicalista.
Com as restrições aos casos de urgência, os atendimentos pediátricos estavam acontecendo apenas na UPA do Centro e os clínicos no Pronto Socorro do Alto da Serra. "Estou com muita dor de ouvido, agora não sei o que fazer", lamentou a moradora de Corrêas, Ivanete Ribeiro da Conceição, de 50 anos. Ao lado do marido, ela veio de ônibus buscar atendimento na UPA de Cascatinha. "Disseram que não tem médico. Vamos aguardar um pouco pra ver se algum médico aparece para me atender", disse.
Na UPA do Centro dois pediatras faziam os atendimentos. A dona de casa Priscila Fernandes, de 19 anos, conseguiu que a filha Ana Júlia, de apenas um ano. "Consegui que atendessem ela, mas está bem precário lá dentro. Não tem medicamentos e o atendimento está demorado. Já estive aqui outras vezes com a minha filha e não era assim. O atendimento era bem melhor", disse.
O Consórcio Saúde Legal que é formado por quatro empresas – Renacoop, Lino Briote Produtos Farmacêuticos e Hospitalares, DPAD Serviços Diagnósticos e Rio de Janeiro Serviços e Comércio – e venceu a licitação oferecendo o melhor preço para gerir os serviços – R$ 26.155.00,00 anuais. Segundo a Prefeitura, a Rio de Janeiro Serviços e Comércios, cuidará, além dos recursos humanos, do fornecimento de alimentação, lavagem de roupas, reposição de enxoval, uniformes e ambulâncias, entre outras. Já a Renacoop terá a responsabilidade de fazer a manutenção de equipamentos hospitalares e predial. A Lino Briote Produtos Farmacêuticos e Hospitalares fornecerá os medicamentos e a DPAD Serviços Diagnósticos realizará os exames laboratoriais.