UPAS de Petrópolis continuam com atendimento restrito
As unidades de pronto atendimento (UPAs) da cidade continuam com atendimento deficiente. Na unidade do Centro, ontem (07) havia apenas um médico plantonista para atender à todos os pacientes e, na unidade do Cascatinha, somente o setor de pediatria estava mais próximo da normalidade. Com atendimento restrito, as salas de espera acabaram ficando vazias, pelo menos até o fim da manhã.
Os problemas com restrição no funcionamento começaram depois do dia 21 de setembro, quando o novo consórcio assumiu a administração das unidades. O grupo Saúde Legal, composto por quatro empresas foi o vencedor da licitação realizada quatro dias antes.
A Prefeitura, que disse ao longo da semana que espera ter o atendimento normalizado, pode ter uma difícil missão pela frente, já que os problemas de restrição no atendimento têm como causa a forma pela qual o novo consórcio realiza as contratações. De acordo com funcionários, esse novo regime não está sendo aceito, e com isso muitos profisisonais estão deixando as unidades. "É por causa desse regime novo implementado aí. Eles falavam da Cruz Vermelha, mas olha só como ficou. Agora quero ver quem vai resolver essa situação", disse um funcionário que não quis ser identificado.
E nessa queda de braço entre consórcio, funcionário e Prefeitura, quem acaba perdendo é sempre o paciente. Gabrielle do Vale chegou com dor de garganta na UPA de Cascatinha, mas não conseguiu atendimento. Ela foi informada de que somente a pediatria funcionava normlamente. Cansada de tentar uma consulta médica de urgência, ela acabou se medicando por conta própria. "Até eu marcar médico já melhorei, ou piorei. Então, se não tenho direito a me consultar, mesmo pagando os impostos, agora vou na farmácia e comprar um analgésico, e um antitérmico, se tiver febre. E por aí vai. É negligência comigo mesma, por conta da negligência alheia", contou.
Amanda Nicolay teve o mesmo problema. Ela suspeita esta com sinusite mas desistiu de tentar consulta. "Eu cheguei e vi tudo vazio, fiquei até animada. Mas logo, de cara uma moça já tinha me falado desse problema. Então eu decidi sair. Estou voltando agora, sem ideia do que vou fazer. Acho que vou tomar chá, fazer inalação natural, e ver no que dá. O problema é trabalhar com dor de cabeça, dor na face", contou a comerciária, que agora vai marcar um médico particular para diagnosticar o problema, com receio de ser algo mais grave. "Vou marcar porque já vi casos de sinusite virar uma doença pior, que não gosto nem de falar o nome", completou.
Depois de serem fiscalizadas pelo Conselho Regional de Medicina (CRM), as UPAs terão sua rotina agora acompanhadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Conforme publicado pela Tribuna nesta semana, procuradores do órgão vão buscar informações sobre a forma de contratação que está sendo empregada nas unidades pelo Consórcio Saúde Legal, que desde que o mesmo assumiu o controle das unidades, implantando a contratação por meio de cooperativa. Para o MPT essa medida vai contra as leis trabalhistas uma vez que não há mais garantia de pagamento de décimo terceiro, férias, entre outros benefícios.
O prefeito Bernardo Rossi já havia falado sobre a situação das UPAS, e responsabilizou o consórcio pela forma de contratação. "Essa questão da contratação é com o Consórcio, a maneira que vão fazer isso importante só a eles. Para a Prefeitura o que interessa é que as UPAS estejam funcionando e atendendo de forma adequada a população", completou.