• Unimed deve R$ 10 milhões ao CTO

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  • 03/01/2017 13:00

    Em coletiva de imprensa na manhã de hoje, o diretor administrativo do Centro de Terapia Oncológica (CTO) informou que a instituição continua atendendo os pacientes da Unimed, mas que vai recorrer na Justiça. Isso porque o plano de saúde acumulou ao longo dos últimos seis anos uma dívida de R$ 10 milhões com o centro de tratamento – R$ 4 milhões apenas em 2016. De acordo com o CTO, a unidade vem tentando negociar com a cooperativa desde fevereiro, sinalizando a possibilidade de cancelamento da parceria.

    “Temos que recorrer. É uma medida até de sobrevivência. Se continuarmos atendendo os pacientes, como vamos pagar o tratamento e medicação sem os repasses?”, disse Nelson Moreira, diretor administrativo do CTO, explicando, inclusive, que os laboratórios não entregam as medicações se não houver pagamento. Só de medicações para os 248 pacientes da Unimed, o CTO tem um gasto mensal de R$ 700 mil. De acordo com a instituição, o plano de saúde vinha pagando de vez em quando apenas a quantia de R$ 50 mil por mês e que, em dezembro, após reuniões com a diretoria, a Unimed fez um pagamento de R$ 600 mil à unidade.

    Segundo ele, a instituição vem negociando com a Unimed desde 2011, quando começaram os débitos. De 2011 à 2015, acumulou-se uma dívida de R$ 6 milhões. Em 2016, houve um agravamento do quadro e a dívida subiu para R$ 10 milhões. “Desde o início do ano, nós estamos tentando negociar com a Unimed. Oferecemos, inclusive o pagamento da dívida parcelado, sem juros”, disse Nelson. No decorrer do ano de 2016 foram emitidas três notificações à cooperativa, em fevereiro, em agosto e em dezembro.

    No dia 30 de dezembro, o CTO comunicou o fim da parceria de 20 anos com o plano de saúde e que, a partir do dia 2, os tratamentos estariam suspensos. Porém, na tarde de ontem ainda, a Unimed conseguiu garantir judicialmente a continuação dos tratamentos. Ainda assim, teve gente que compareceu ao centro de tratamento pela manhã e levou susto por ter o atendimento negado. Um paciente de 78 anos da Unimed que faz tratamento de câncer de próstata no CTO, que não quis se identificar, esteve na unidade ontem de manhã e foi comunicado que não poderia mais se tratar lá. Ele paga R$ 1710,00 por mês pelo plano de saúde. “Eu não sabia sobre essa dívida da Unimed com o CTO”, disse. 

    Com a liminar, no entanto, hoje ele já pôde voltar a fazer o tratamento. A medida judicial garante a continuação dos tratamentos já existentes, mas o início de novos tratamentos é garantido apenas até o dia 19 de janeiro. De acordo com a Unimed, “a liminar foi concedida após o CTO negar atendimento aos pacientes do Sistema Unimed em tratamento na Unidade Oncológica, infringindo o contrato entre as partes que estabelece um prazo mínimo para a devida rescisão e a ética”.  

    Em nota, a Unimed informou que “comprovou que vem realizando os pagamentos de forma periódica no valor de mais de R$ 5,5 milhões somente em 2016”. De acordo ainda com o plano de saúde, foram constatadas “diversas divergências apresentadas pelo CTO na prestação de serviços e nos valores apresentados” e que “a Unimed e o CTO concordaram em instituir uma comissão técnica para analisar a prestação de contas e chegarem a um acordo definitivo, pois há muito tempo os valores apresentados não condizem com os valores auditados pela Unimed – o que talvez seja necessário uma análise pericial sob o âmbito judicial já devidamente requerida”, disse.  

    De acordo com o CTO e com a Unimed, as duas instituições pretendem continuar as negociações a fim de buscar uma solução para o impasse financeiro. E o Sistema Unimed informou que “já trabalha na estruturação de parcerias com outros prestadores de serviços para garantir a normalidade dos atendimentos aos clientes da região que no futuro possam necessitar de tratamento oncológico”. 

     O CTO é uma clínica dedicada aos pacientes portadores de neoplasias que existe há 36 anos na cidade. Hoje, atende a cerca de 2 mil pacientes provenientes de 39 cidades, por meio de 14 planos de saúde, particular e SUS.


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