Uma reforma a se ver quando se cruza a Ipiranga e a Av. São João
A famosa esquina da Avenida São João com a Avenida Ipiranga, eternizada na canção de Caetano Veloso, agora conta com olhares fixos de personalidades como Paulo Vanzolini e Adoniran Barbosa. O local passou por uma revitalização, que instalou estátuas dos ícones artísticos, mas ainda enfrenta o desafio de tentar superar algumas marcas da área central de São Paulo, como a insegurança, as ruas vazias do período noturno e a grande quantidade de pessoas em situação de rua.
Quatro esculturas de bronze da artista plástica Christina Motta instaladas pela Prefeitura de São Paulo no cruzamento fazem parte do projeto de revitalização do espaço com novas calçadas, placas e iluminação. Além de Adoniran e Vanzolini, outras duas estátuas homenageiam os profissionais tradicionais, como o fotógrafo de lambe-lambe e o jovem engraxate, que marcam a história da São Paulo de outros tempos. As estátuas tiveram uma curadoria conjunta com a Secretaria Executiva de Turismo, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (SMDET), e estão uma em cada esquina do cruzamento.
As obras duraram oito meses e fazem parte do Projeto Esquina Histórica, que dentro do plano #TodosPeloCentro planeja recuperar toda a região central da capital e atrair novos moradores e comércios para a área. Uma restauração que custou R$ 4,9 milhões, pagos pelo Fundo de Desenvolvimento Urbano (Fundurb).
LUZ E ESPAÇO. Na parte estrutural da requalificação da esquina entre as avenidas, a Prefeitura fez a substituição de 98% das lâmpadas tradicionais por luzes de led, que são mais sustentáveis, calçadas de cimento, fiação aérea e subterrânea e uma nova praça entre as ruas Conselheiro Nébias e dos Timbiras e a Avenida São João.
O espaço também conta com novas intervenções artísticas, como o novo piso com alguns trechos de impressão gráfica dos prédios das redondezas, que buscam valorizar as construções e placas de identificação pensadas a partir de modelos que remetem à antiga São Paulo.
Dentre as outras ações de recuperação também estão os calçadões do Centro Histórico, a reforma do Vale do Anhangabaú, do Parque Dom Pedro II e do Parque Augusta.
SEGURANÇA. Como forma de manter a área movimentada com segurança, a Prefeitura anunciou um aumento no número de guardas-civis metropolitanos (GCMs) na região central. Moradores da área se queixam da sensação de insegurança crescente em meio a casos recorrentes de assaltos.
“Este evento faz parte desse contexto, para podermos fazer a revitalização desta região, assim como estamos fazendo na (Praça) Princesa Isabel. O Vale do Anhangabaú já foi entregue e estamos com o processo para licitar a reforma do Parque Dom Pedro, da Praça da Sé e de tantas outras localidades aqui, no centro de São Paulo”, afirmou o prefeito Ricardo Nunes em nota da Secretaria Especial de Comunicação no dia da inauguração, na segunda-feira passada.
Para o arquiteto e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Celso Sampaio, a gestão da capital precisará de mais do que ações de “embelezamento”, como esta, para fazer com que o centro de São Paulo passe a respirar a plenos pulmões outra vez. “A gente tem uma infinidade de prédios vazios do centro e pessoas dormindo na calçada em frente ao prédio vazio; se a gente inverte essa lógica, e as pessoas passam a morar nos prédios, as calçadas se liberam e você vai começar a ter a necessidade de serviços para atender quem vai morar”, analisa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.