Uma luz que não se apaga
Petrópolis, Cidade Imperial, palco de eventos dos mais relevantes que nesta terra já ocorreram, e que continuam a ocorrer, sob os auspícios de expressivas entidades culturais aqui sediadas.
Agora há pouco a cidade acaba de ser premiada, justamente em decorrência do reconhecimento por parte de sua Câmara de Vereadores, através de indicação apresentada pelo vereador Jamil Sabrá Neto, com mais uma data marcante no seu calendário cultural, ou seja, a Lei nº 7773 de 04 de abril de 2019, sancionada pelo Prefeito Municipal, diploma este que consagrou o dia 30 de outubro como o Dia da Literatura Petropolitana”.
A grande verdade é que a cidade, se remontarmos aos idos dos anos sessenta e setenta, deixou de sediar os Jogos Florais de Petrópolis, se é que bem recordo proporcionavam a chegada à cidade dos vencedores de certames realizados, deixando-a em festa e muita movimentação, inclusive sob o aspecto turístico, naturalmente a prevalecer o cultural.
Por outro lado desapareceu também a SPAC, Sociedade Petropolitana de Artes e Cultura, entidade da qual participaram vários poetas, trovadores e tantas outras pessoas ligadas às artes e à literatura.
E dentre essas pessoas posso mencionar Carauta de Souza, Jesy Barbosa, Mariná de Moraes Sarmento, Mário Fonseca, Bragança dos Santos, Osmar de Guedes Vaz, Carolina Azevedo de Castro, Farid Félix, Hebe Machado Brasil, Hélio Chaves, Paulo Brand e muitos outros de igual valor mas que deixo de elencá-los em razão da gasta memória.
Entretanto, faço destacar o nome de Jesy Barbosa, nascida em Campos no dia 15 de novembro de 1915, uma vez que me recordo, com absoluta nitidez, acerca da figura dessa poetisa e trovadora de primeira grandeza, pessoa simples, delicada e dotada de sentimentos os mais profundos, tendo falecido na cidade do Rio de Janeiro no dia 30 de dezembro de 1987.
No transcorrer de sua vida, sempre ligada às artes e à literatura, foi quase tudo: radialista, radioatriz, escritora de rádio novelas e como já frisado, poetisa e “trovadora de prestígio nacional”, conforme a intitula o professor, escritor e acadêmico Paulo César dos Santos, através do livro Poetas Petropolitanos.
A tal propósito, na condição de radialista, lembra o saudoso advogado e historiador Claudionor de Souza Adão (Revista do IHP Volume do Centenário – 1938/1988 – pág. 34), que “na festa de aniversário da Difusora, desfilaram ao microfone da PRD3, vários astros da Rádio Nacional, como Orlando Silva, Vicente Celestino, Almirante, Antenógenes Silva, Lamartine Babo, Ciro Monteiro, Gastão Lamounier, Oduvaldo Cozzi, João de Barros e outros, juntamente com elementos do “Cast” da PRD3, Jesy Barbosa, Fernando Silveira, Carmélia Ramos e Fernando Dupont.”
E por tantas realizações que fez levar a cabo e em razão exatamente do grande apreço e admiração que meu pai, juntamente com minha mãe nutriam com relação a tão expressiva figura, desejo relembrá-la mediante a transcrição de três trovas as quais julgo verdadeiros primores.
Ei-las:
“Surpreendente maravilha/ a que agora me acontece:/ minha mãe é minha filha/ à medida que envelhece”./
Quanto mais teu corpo enlaço, / mais padeço o meu tormento/ por saber que o meu abraço/ não prende o teu pensamento./
Pôr a saudade num verso,/ numa trova, que emoção!/ É concentrar o Universo/ na palma da minha mão!/
Jesy partiu há anos, porém nunca esquecida e por isso mesmo, uma estrela que jamais se apagará.