Um servo da Igreja
Relembrar a excepcional figura do Monsenhor Paulo Elias Daher Chedier é o mesmo que voltar no tempo com o olhar fixado na Catedral São Pedro de Alcântara e à Capela da Igreja do Colégio Santa Isabel.
Na primeira, não foram poucas as missas que assistimos por ele celebradas, vez que em 1967 foi nomeado por D. Manoel Pedro da Cunha Cintra, Pároco desta Igreja onde permaneceu por 19 anos.
Os sermões proferidos pelo religioso nos encantavam e certamente aos fiéis que o ouviam pela maneira clara e doce com que se fazia expressar, respaldado nos ensinamentos do Cristo.
Também, na Capela da Igreja do Colégio Santa Isabel, sempre presente o venerando sacerdote celebrando missas semanais.
Por isso mesmo, a Catedral de Petrópolis e bem assim a Capela do Colégio Santa Isabel para onde acorriam fiéis com objetivo de ouvirem seus sermões, fundamentados no evangelho, na fé, no amor ao próximo e na esperança.
Pacífico, prudente e paciente, virtudes admiradas por todos que assistiam suas missas, um servo da Igreja a qual se dedicou inteiramente no transcurso de toda sua vida.
Monsenhor Paulo, como todos os chamavam, nasceu em Salvador, estado da Bahia em 25 de julho de 1931, tendo falecido em Petrópolis a 30 de março de 2019.
Ordenara-se sacerdote em Roma a 5 de março de 1955 e nesta cidade fez-se acolhido com muito carinho, admiração e respeito pelo povo de nossa terra.
O religioso atuou também, durante mais de 30 anos, perante o ensino superior como professor da Universidade Católica de Petrópolis.
Na secretaria da Catedral de São Pedro de Alcântara coordenou, por longos anos, um setor que acolhia pessoas em busca de certidões de batismo ou aquelas que pretendiam obter da Igreja a documentação hábil para a efetivação do casamento.
Nessa mesma unidade faço questão de relembrar os nomes de duas auxiliares que colaboraram com o então Padre Paulo, Anna Yvette Monnerat e Djanira Almeida, ambas falecidas, todavia dignas dos mais nobres elogios.
Conheci a ambas – prestativas e cumpridoras de suas tarefas – criaturas que relataram-me exemplares momentos da prática do amor fraterno por parte do religioso.
Assim, aduzia d. Ivette, já centenária porém lúcida: “…às vezes assoberbado de encargos, nunca deixou de receber quem o procurasse seja por que motivo fosse; interrompia seus afazeres e dispensava total atenção para com os aflitos ou mesmo com aqueles que o buscavam para ouvir uma palavra de aconselhamento”.
Dedicou sua vida em prol dos necessitados e das crianças e com relação às últimas conseguiu realizar um de seus sonhos, “…criar uma escola de formação musical não só para as crianças como para adolescentes, alunos da rede pública de educação”; por outro lado, nunca deixando de desenvolver intensos trabalhos junto aos leigos.
Nascera assim o “Espaço Artístico Monsenhor Paulo Daher, localizado no bairro do Retiro.
Em razão do cabedal intelectual e por força de sua inteligência e sabedoria, na condição de professor e exímio orador, a Academia Petropolitana de Letras fê-lo que viesse a integrar a instituição ocupando a cadeira número 3, em decorrência da vaga deixada pelo falecimento do acadêmico Roberto Camargo.
Fato que marcou-me profundamente, ou seja, quando participava de uma missa na Capela do Colégio Santa Isabel, educandário a que dedicou grande parte de sua vida, ouvi emocionado de uma estimadíssima freira, já falecida, as seguintes palavras: “A tristeza chegou”!
Falecera Monsenhor Paulo, então Vigário Geral da Diocese!
Na verdade, chegara não só àquele templo sagrado, mas a toda cidade de Petrópolis e bem assim ao clero que Monsenhor Paulo integrou na condição de exemplar sacerdote.
Finalmente, faço questão de deixar aqui consignado o que escreveu o inesquecível sacerdote, talvez pressentindo a chamada do Pai.
“Estou no meio de vós como aquele que serve”.
“Agradeço a Deus ter seguido
seu chamado para, como sacerdote,
dispor-me a serviço de todos.
O tempo foi longo 64 anos…
Para Deus é um instante.
A vida é um sonho, realização, alegria
de comunicar o amor de Deus e de todos”.
Saudades!