• Um MDB se despedindo

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  • 05/03/2018 12:25

    Aqueles que tiveram a oportunidade de estar próximos a um poder contam com detalhes a tristeza que abate um poderoso ao final de seu mandato, a impotência e o amargo sabor de um fim. O final é de total abandono por aqueles que pela proximidade sabem que as vantagens, mordomias e a força estão prestes a se exaurirem. A agenda do dirigente, que tem seus dias contados para voltar para casa, é quase vazia de compromissos, a intensa peregrinação ao gabinete se resume a uns poucos fiéis e alguns até brincam dizendo que neste período até o café é servido frio. Pezão está começando a sentir isto: passou de uma figura requisitada por visitantes e pela imprensa a um semi-zumbi, alheio e despojado de grande parte do poder.

     A intervenção levada a cabo no Rio de Janeiro contaminou de forma irreversível a gestão de Pezão. Para os mais críticos, ela nem começou e teve seu final antecipado. Muito pouco resta ao atual governador promover nestes próximos 10 meses de mandato. Enfraquecido e com sua base na Assembleia Legislativa Estadual, envolvida com seus próprios problemas internos, somando-se ao fato de ser ano de eleição, nada de importante será votado.

    Será mais um ano morto, posto que restam algo em torno de 120 dias para que os trabalhos da Alerj possam ser levados a efeito; a partir de junho teremos copa do mundo e em julho inicia-se o prazo para as convenções partidárias escolherem seus candidatos. Note-se, aqui, por oportuno, que não podemos esquecer que os principais líderes da Alerj estão recolhidos à prisão; isto leva também a um certo recolhimento de atitudes e decisões.

     É valido salientar também que, em 31 de agosto inicia-se a propaganda eleitoral pelo rádio e TV que se estenderá até 4 de outubro (a eleição acontecerá dia 7 de outubro).

     Ficam algumas indagações no ar e por enquanto ainda sem respostas: até que ponto o MDB sofrerá perda de nomes de suas hostes com a janela para a troca de partidos dos que dispõem de mandato? (breve saberemos, já que a janela fecha em 7 de abril). Quem será o nome do MDB para concorrer ao cargo no executivo estadual? Até que ponto o maior partido do Estado está abalado, fragmentado e acéfalo, depois de mais de uma década a frente do Estado, onde a saúde piorou, a educação está a pedir socorro, o saneamento deixou vergonhosamente a desejar, a segurança virou caso de polícia (ou do Exército como queiram) ou melhor ainda, se tornou o calcanhar de Aquiles do governo?

    O MDB é incapaz de admitir seus erros e ainda cultiva a crença de que a população do Rio tem uma dívida para com ele, acredita que ainda que esta a merecer alguma coisa. Terá o inesperado nas urnas.

    O Estado está na UTI e, por conta disto, o futuro de curto e médio prazo está comprometido; os malefícios se sobrepõem, com larga margem, aos benefícios neste período em que esteve a frente do Estado, Sérgio Cabral, condenado e preso ainda e respondendo a mais de 20 denúncias. Este fato dá conta dos desmandos e mazelas que o Rio sofreu 

    Confesso que estou curioso para assistir aos rumos deste partido, posso até antever que mesmo tendo a caneta e o diário oficial, o partido encolherá na Alerj e tem uma enorme possibilidade de deixar o executivo sem um sucessor.

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