• Um ano e meio da tragédia das chuvas: locais atingidos seguem aguardando por obras

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  • 15/08/2023 16:03
    Por Enzo Gabriel

    Esta terça-feira (15) marca um ano e meio da maior tragédia climática que já atingiu Petrópolis e que vitimou mais de 240 pessoas. Entre as datas, 546 dias as separam. No entanto, apesar do tempo passado, as lembranças continuam sendo diárias para parte da população, já que algumas localidades seguem aguardando a realização de obras.

    Servidão Frei Leão, Vila Vasconcelos e Rua Romeu Sutter são apenas três exemplos de locais impactados pela tragédia que ainda não receberam as obras necessárias.

    A Servidão Frei Leão foi um dos locais mais atingidos no dia 15 de fevereiro. No local, foram 93 mortes e 54 residências destruídas. Apesar disso, a área ainda não recebeu melhorias.

    Frei Leão. Foto: Helen Salgado/Tribuna de Petrópolis

    “Eu não morri no deslizamento, mas estou morrendo de tristeza de ver o que está acontecendo nos bairros da nossa cidade. Tristeza de ver o descaso e abandono de pessoas que deveriam cuidar, acolher, mas só olham para o próprio umbigo. Nada foi feito. A área mais afetada no dia da tragédia continua do mesmo jeito. A vegetação tomou conta e as pedras seguem soltas para rolar. Foram 93 perdas de pessoas na tragédia e ninguém se interessa em resolver o problema. Tudo está exatamente igual ao dia 15 de fevereiro após a tragédia”, conta Cristiane Gross, que perdeu nove familiares.

    A Vila Vasconcelos, no Sargento Boening, também não recebeu nenhum projeto após a tragédia, como conta a moradora Heloísa Raibolt: “Eles sempre dizem que não tem o que fazer e que é obrigação do Estado. A Defesa Civil me chamou, disse que ia demolir minha casa, mesmo sem ser o que combinamos, por não ter segurança, sendo que a minha casa está aqui há 60 anos. O que é ilegal é construir um BNH em cima de uma nascente. Minha casa tem escritura e é toda certa. Se tiver que demolir, tenho que ser indenizada. Eu não fiz nenhuma construção ilegal. Infelizmente, ficam enrolando e ninguém resolve, sempre alegando que não têm dinheiro. Juro que queria saber onde enfiam o dinheiro”.

    Casa prestes a cair na Vila Vasconcelos.
    Foto: Reprodução

    Outro local com deslizamentos foi a Rua Romeu Sutter, no Alto da Serra. Na área, uma residência foi derrubada e outros imóveis foram atingidos. Em todo este tempo, nada foi feito.

    Área de deslizamento na Rua Romeu Sutter.
    Foto: Enzo Gabriel/Tribuna de Petrópolis

    “Mais uma vez eu queria solicitar à Comdep, Secretaria de Obras e ao prefeito Rubens Bomtempo que olhem pela Rua Romeu Sutter, que sofreu com as chuvas do dia 15 de fevereiro e, até essa data, nada foi feito. Ninguém sequer deu um lado para a gente. Não estamos em nenhuma lista de obras e no local temos várias pedras soltas e árvores penduradas que podem gerar novas tragédias. Queremos ajuda para que mais vidas não sejam perdidas”, é o pedido de Valter Louro, que teve sua residência atingida pela tragédia.

    Os locais citados são apenas alguns dos que ainda não tiveram intervenções, mas representam o que ocorre em diversos pontos da cidade, passados 18 meses da tragédia.

    A Tribuna procurou o Governo Municipal e questionou a situação dos locais que ainda não tiveram obras iniciadas. No entanto, não houve respostas a respeito do motivo das áreas ainda não terem tido nenhuma intervenção, nem quanto ao prazo para que algo seja realizado.

    Obras realizadas

    De acordo com a Prefeitura de Petrópolis, 167 obras de grande e médio porte foram necessárias desde 2022. Entre elas, 88 foram concluídas, 53 estão em andamento e 26 ainda estão em fase de licitação.

    Dentre todas as obras, 104 são de contenção, 34 em equipamentos públicos, 10 de melhorias viárias, oito de drenagem e recomposição de via, cinco de limpeza e desobstrução de vias e rios, três referentes a mobilidade e segurança de pedestres; duas de desmonte de rochas e uma de drenagem.

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