Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou que a (até então) epidemia provocada pelo novo Coronavírus tinha potencial de pandemia, devido à rapidez na multiplicação dos casos na China. Foi o início de um período de incertezas e o desenvolvimento de uma doença desconhecida. O mundo parou naquele momento. O que estaria por vir? Hoje, um ano depois, avançamos no entendimento da covid-19 e caminhamos para a imunização da população mundial, mas ainda com muitas perguntas sem respostas. Em Petrópolis, no dia 23 de março de 2020 era decretado o fechamento de todo o comércio, podendo funcionar apenas os estabelecimentos considerados essenciais.
“Foi assustador enfrentar aquele momento do fechamento das lojas. É uma doença nova. Já estávamos abalados e preocupados com nossa saúde, dos familiares e colaboradores. E tivemos que lidar com mais essa incerteza. Quanto tempo ficaríamos de portas fechadas? Será que íamos conseguir manter os empregos e nossas lojas em funcionamento?”, lembrou Denise Fiorini, presidente da Associação da Rua Teresa (ARTE).
Foram 90 dias de portas fechadas. Período que despertou nos empresários da Rua Teresa um olhar mais atento para novos caminhos. Por ser uma Rua ainda com um comércio tradicional e que acredita nas vendas com aquele “olho no olho”, muitas lojas não tinham como sua principal fonte de vendas o universo on-line. Mas diante da impossibilidade de receber as pessoas fisicamente, foi natural aguçar o instinto empreendedor e criar um relacionamento com os clientes através das redes sociais e canais digitais, como explica Denise. “Algumas lojas da Rua já conheciam esse universo digital, mas não era nossa prioridade. Nossa Rua sempre foi muito movimentada, atraindo gente do país inteiro, era natural que nosso cuidado fosse voltado mais para as vendas físicas.”
A Rua Teresa como sempre fez (e faz) seguiu o que era uma tendência, e se tornou uma necessidade, para o setor de bens e serviços: migrou para plataformas digitais. Um levantamento feito pelo Sebrae-RJ mostrou que 46% dos pequenos negócios do estado encontraram na inovação o caminho para driblar a crise. Durante esse período, os empresários lançaram novos itens ou ampliaram o mix de produtos ou serviços. E que diante das restrições presenciais que a pandemia trouxe, 70% das empresas passaram a distribuir suas vendas por canais digitais como aplicativos, redes sociais e internet. Os empreendedores preferem vender pelo Whatsapp, Facebook, Instagram, site próprio e aplicativos de entrega.
Pandemia acelera ida das lojas pra mundo virtual
Rafael Goulart, proprietário da marca Mix, que tem loja na Rua Teresa, é um exemplo. Empresário na Rua há 12 anos, não utilizava tanto as vendas on-line pois o foco da empresa ainda era a venda presencial. Forçado a se reinventar para continuar mantendo sua marca ativa, investiu no Instagram da loja. Começou assumindo, ele mesmo, as redes sociais e em um ano triplicou o número de seguidores da marca. Hoje, do total das vendas realizadas pela loja, 30% são oriundas das plataformas on-line.
“Eu comecei “arregaçando as mangas” e fazendo o trabalho sozinho. Naquele momento era importante manter minha loja ativa, para manutenção dos empregos e sustento da minha família e dos colaboradores da loja. Estudei como funcionava esse nicho do mercado e fui me qualificando. Percebi que seria necessário mais investimento para oferecer aos clientes um conteúdo ainda melhor. Contratei uma colaboradora só para essa função, até. Hoje com a loja já reaberta, as vendas on-line representam um percentual significativo das vendas totais. Foi importante me reinventar nesse último ano”, relata Rafael.
Wiliam Hang Correa antecipou os planos que vinham sendo estudados e colocou o e-commerce da sua marca para funcionar dois dias após o fechamento total das lojas em Petrópolis. Na Rua Teresa, há 13 anos já realizava as vendas on-line e essa experiência contribuiu para que comércio eletrônico da sua loja fosse intensificado.
“O e-commerce não é apenas venda direta na plataforma. Temos clientes que conhecem o produto no e-commerce e finalizam a compra pelo telefone. Então ele acaba sendo uma vitrine também. A pandemia acabou acelerando esse nosso projeto e estamos muito satisfeitos com o investimento que fizemos com essa nova ferramenta de vendas”, explica Wiliam, proprietário da Loja Vizoo.
Ainda segundo a pesquisa do Sebrae RJ, para 27% dos empresários as mudanças impostas no período da pandemia foram importantes para o negócio.
A Associação da Rua Teresa (ARTE) também investiu nas redes sociais da Rua. Com a contratação de uma empresa especificamente para administrar o perfil no Instagram, por exemplo, o ganho de seguidores foi destaque. Em março de 2020 o perfil @ruateresaoficial tinha 47,4 mil seguidores e agora em março de 2021 tem 82,5 mil. Mais de 35 mil seguidores conquistados e apenas um ano.