UCP, diamante finamente lapidado
Estou em semana mágica de muita saudade. Relembro a 1ª turma de universitários do curso de Direito, cursado desde o ano de 1954 até 1958, diante da abertura das Faculdades Católicas Petropolitanas, que oferecia o primeiro curso superior do município, graças ao descortino das personalidades, o Exª Revmª D. Manoel Pedro da Cunha Cintra, bispo diocesano de Petrópolis,emérito educador e nosso pastor de almas; Dr. Arthur de Sá Earp Netto, aquele que, destemido, ultrapassou indiferenças e incredulidades, tornando-se o responsável direto pelo sucesso do projeto; Dr. Ascânio da Mesquita Pimentel, primeiro diretor da Faculdade de Direito e, ainda, os empreendedores Klepler Castro Neves, Francisco de Magalhães Castro e José Sampaio Fernandes, que firmaram a ata de criação da instituição no dia 31 de maio de 1953, em ato realizado no Palácio Episcopal à rua Santos Dumont.
Instalada oficialmente no dia 6 de março de 1954, em sessão magna no salão nobre da Câmara Municipal de Petrópolis, com a presença de altas autoridades nacionais e fluminenses, na oportunidade, abriram-se as inscrições para o vestibular, o qual recebeu adesões de 79 candidatos, sendo aprovados 49 vestibulandos, grupo composto por estudantes recentemente saídos do ensino médio completo mesclados a profissionais da contabilidade e do magistério, criando uma heterogênea turma, então obsequida com renomados mestres e cultores do Direito, de larga projeção profissional, como mestres das cadeiras, um presente aos alunos de valor inestimável. As aulas começaram no dia 24 de março de 1954, em prédio cedido pelo Carmelo São José, localizado na rua Vital Negreiros nº 97, no Retiro.
Recordo a chegada ao prédio dos alunos, muitos ainda entontecidos pela felicidade de realizarem o sonho universitário em sua cidade, junto a alunos de outras plagas, todos entusiasmados pela oportunidade e diante do carinho da recepção pessoal do Dr. Arthur de Sá Earp Netto e sua equipe de funcionários, em organização. Tudo era esplendor e novidade. A frequência era quase absoluta, faltando apenas os alunos de outros municípios, sob regime especial, que a eles propiciava a frequência nos dias das provas, que eram presenciais.
Sob a euforia da novidade e júbilo pela conquista, os alunos resolveram pela criação do Diretório Acadêmico, este que recebeu batismo de “Diretório Acadêmico Ruy Barbosa”, anos mais tarde rebatizado “Centro Acadêmico”. O primeiro presidente foi Fábio Meirelles Guerra, inteligente, falante, um líder autêntico. O DARB foi instalado no dia 4 de setembro de 1954. Foram seus primeiros diretores em apoio a Meirelles Guerra: Paulo Machado da Costa e Silva (vice-presidente); Francisco Eugênio Meyer de Souza, o Carauta (Secretário Geral); Armando do Valle e Hilton Abreu Martins (1º e 2º Secretários); Waldyr Blanco da Costa (Tesoureiro) e eu (Jeds) como responsável pela divulgação da entidade.
Convocado para o serviço militar, incorporei-me ao 1º Batalhão de Caçadores, onde servi de 1954 a 1955, deixando de frequentar boa parte das aulas e não iniciando meu trabalho de divulgação do DARB, o que aconteceu, logo que dei baixa, quando lancei o 1º número do “Áquila”, órgão do Diretório Acadêmico Ruy Barbosa”, com seu primeiro número em maio de 1955, contendo na primeira página o artigo “Orientando”, do Diretor Prof.Dr. Ascânio da Mesquita Pimentel.
No ano de 1956 deixamos o prédio do Retiro e nos instalamos no prédio do Palace-Hotel, na rua Barão de Amazonas, nosso primeiro campus acadêmico de bom porte, causando a todos grande e santo orgulho pelo sucesso da Instituição. Em frente, a 1ª turma chegou à festa de formatura, que deveria ter ocorrido no mês de dezembro de 1958 mas que, por problemas de reconhecimento do curso, foi adiada e ocorreu no dia 28 de fevereiro de 1959, há exatos 60 anos!
Uma data – diamante que faísca em nossas lembranças – hoje de poucos remanescentes desse grupo pioneiro que acreditou no projeto, abraçou-o, dignificou-o, na entidade que amamos e que aniversaria seus 65 anos de existência.
Ostentarei, sempre, o título de tanta honra, nesse querido neologismo: ucepeano, ou “diamante finamente lapidado”!
(Esta crônica é dedicada aos dois funcionários responsáveis pela Secretaria da nascente universidade, responsáveis diretos pelo sucesso graças à organização que a ela propiciaram: Henrique José Rabaço e Lúcio Vasconcellos de Oliveira, meus queridos amigos e colegas professores, de registro eterno na história petropolitana de todos os tempos).