Uber importa motoristas até da Baixada
O serviço de transporte particular realizado pelo aplicativo Uber vem chamando atenção dos vereadores, que manifestaram esta semana preocupação com a presença de muitos carros de outros municípios fazendo este serviço em Petrópolis. Petropolitanos cadastrados no aplicativo estão prestando o serviço apenas nas horas vagas, para terem renda extra, pois ainda não acreditam que dá para viver somente com a Uber.
Na Câmara Municipal, os vereadores defendem a regularização do serviço na cidade com objetivo de prestigiar os motoristas petropolitanos e também de garantir mais segurança para os usuários. O vereador Márcio Arruda (PR) disse ter ficado surpreso ao tomar conhecimento que a maioria dos carros do Uber em Petrópolis são de municípios da Baixada e outras cidades, o que na sua opinião causa grande prejuízo a cidade.
Para Arruda, o Uber, se quer funcionar em Petrópolis, tem que prestigiar a cidade cadastrando os motoristas do município, “pois não cobram nada deles, não pagam nenhum imposto e por isso tem que cobrar barato e prestigiar os petropolitanos”. O vereador do PR ressaltou ainda que dos taxistas se exige muito, inclusive o pagamento de diversos impostos e taxas.“Já da Uber não se exige nada e por isso tem que cobrar mais barato, mas deveriam pelo menos trabalhar somente com motoristas da cidade”, disse.
Outra preocupação dos vereadores é com a segurança. Para eles, a presença de muitos carros do Uber vindos de outros municípios traz insegurança para os usuários. O vereador Reinaldo Meirelles (PP) disse que em vários municípios onde o Uber está funcionando há notícias de assaltos praticados por motoristas cadastrados e “quando as pessoas tentam identificar a o autor, descobre que os dados fornecidos são falsos”. Para ele, o serviço é interessante, mas da maneira como se apresenta em Petrópolis traz muitos riscos para os petropolitanos.
O vereador Antônio Brito (PRB) lembrou que os problemas com identificação de motoristas ocorre por que é tudo feito de forma virtual, sem contato físico e “com isso facilita uma possível falsificação de informações e muitos trabalham apenas para ter uma renda extra”. Brito disse que, com relação aos taxistas, é muito diferente, pois os motoristas são obrigados a apresentar ao poder público diversos documentos.
Uma indicação legislativa, com projeto de regularização do serviço do Uber em Petrópolis, foi apresentado pelo vereador Luiz Eduardo (Dudu/Patriota). A matéria foi aprovada pelos vereadores e encaminhada ao prefeito Bernardo Rossi, que vai analisar e encaminhar para Câmara como projeto do Executivo. Os taxistas estão apoiando a regularização do serviço, pois afirmam que os motoristas do Uber devem ter as mesmas obrigações que eles.
Segurança em Petrópolis
Desde que o serviço entrou em funcionamento na cidade, na tarde do dia 12 de janeiro, um repórter do jornal vem utilizando o transporte para avaliação do serviço. Na conversa com os motoristas, que preferem não se identificar, aqueles que são de outros municípios dizem que foram convidados pelo Uber para vir para Petrópolis, por ter poucos carros cadastrados.
Estes motoristas afirmam que estão preferindo trabalhar na cidade, devido às melhores condições de segurança, pois podem circular com tranquilidade pelos bairros sem o risco de serem assaltados ou estarem no meio de um tiroteio, como vem se tornando comum na cidade do Rio. Um motorista contou que, no final do ano passado, levou um passageiro para Barra da Tijuca e ficou surpreso, quando ao parar num sinal, viu dois homens armados com fuzil passarem na frente do carro. “É uma sensação horrível, pois tenho família e penso neles. Por isso, quando vim para Petrópolis e vi que a cidade é mais segura, estou preferindo trabalhar aqui”, comentou ele.
Outro motorista da Uber vindo de Caxias, disse que ficou surpreso com a quantidade de chamadas e como são poucos carros estavam com dificuldades de atender a todas. Ele contou que, além do serviço pela Uber conseguiu outros clientes em Petrópolis para levá-los para outras cidades. “O petropolitano é acolhedor e até agora não tive nenhum problema”, comentou um motorista da Uber, vindo do Rio que pela primeira vez estava na cidade.
Já os motoristas petropolitanos que o repórter teve acesso, disseram que por enquanto estavam apenas trabalhando para ter uma renda extra. Um chegou a contar que somente liga o aplicativo quando sai do trabalho e quando pega uma corrida para perto de sua casa, desliga o aplicativo e vai embora. Outro motorista petropolitano contou que “à noite faço as corridas pelo Uber, pois como tenho carro a gás, consigo ganhar algum dinheiro extra e, no fim semana, se não tenho compromisso, também trabalho com o aplicativo. É uma forma de ter um dinheiro extra, fazendo o que gosto, dirigir”.