Turismo em Petrópolis: passado recente e futuro
Turismo em Petrópolis é uma vocação natural da cidade desde seus primórdios. Além disso, havia também a tradição dos veranistas, que vinham para cá fugindo do calorão do Rio de Janeiro no verão a começar pela própria Família Imperial, desde Dom Pedro II e até mesmo de seu pai, que comprou a Fazenda do Córrego Seco, encantado com o clima ameno da região serrana.
Foi, desde o início, uma cidade planejada, seguindo as diretrizes do Plano Koeler, obedecidas à risca no tempo do Império. Mesmo na república, até a ida da capital para Brasília, a cidade, por três meses, se transformava na capital do País. Os governantes subiam a serra, inclusive o presidente da república, para gozar de seu clima agradável nos meses de verão.
Foi também uma época em que Petrópolis se beneficiou de primazias em diversas atividades comerciais, industriais e de serviços, que inclui o turismo. Trata-se de uma cidade ímpar, conhecida nacional e internacionalmente. Este conjunto de fatores põe nos ombros do(a)s petropolitano(a)s e de todos que amam esta cidade uma grande responsabilidade para conservá-la e a ter um compromisso com permanente com seu futuro sustentável.
Nos últimos anos, Petrópolis passou por três diferentes prefeitos, um deles interino, de diferentes partidos políticos, que souberam tratar o turismo e suas atividades sem quebra de continuidade, materializada no Plano Diretor de Turismo 2023-2030 (PDT 2023-2030), um período que cobre dois mandatos do poder executivo. A mensagem daí oriunda é que o turismo deveria ser tratado com visão de longo prazo, acima de questões partidárias menores.
Estive à frente do COMTUR – Conselho Municipal de Turismo, como representante da FIRJAN, na qualidade de presidente e vice, por um período de seis anos (1993 a 1998), e assumi novamente a presidência no início deste ano de 2024. Levando em conta o que já vinha acontecendo, eu, ao me dirigir a Conselheiros e Conselheiras na primeira reunião presidida por mim, propus que as diretrizes do PDT-2023-2030 fossem obedecidas com o monitoramento trimestral para evitar a síndrome (nacional) dos planos engavetados.
Disse ainda que o turismo era uma atividade tão importante para nossa Petrópolis que era fundamental manter continuidade nas ações planejadas que lhe dizem respeito, independentemente do partido político a que estivessem ligados os diferentes prefeitos nos próximos anos, já que existe um plano a ser cumprido. Também assumi o compromisso, ao final de cada reunião, que sugestões de pauta dadas pelo(a)s Conselheiro(a)s seriam bem-vindas para que as práticas democráticas prevalecessem.
A boa notícia é que, até agora, esta visão tem sido seguida pela Secretaria de Turismo e sua eficiente equipe. Ela esteve presente, em 2023, em feiras, eventos e encontros comerciais de turismo em n úmero de 12, tendo sido programados 23 deles para 2024, em que a presença de empresários do setor é sempre bem-vinda. Tenho feito um trabalho coordenado no COMTUR, um conselho consultivo e deliberativo, com a Secretaria de Turismo, onde estão os braços, pernas e cabeças, que executam as deliberações do Conselho. Esta parceria permite tornar ágeis as políticas e iniciativas benéficas ao turismo.
Um exemplo digno de nota foi a reunião que mantivemos com a Secretaria de Meio-Ambiente para resolver problemas do Parque Municipal de Itaipava sobre o uso de seus espaços para diversas atividades que haviam sido muito restringidos pelo seu Comitê Gestor. Na verdade, era aquele problema de sempre, de comunicação. A proposta do Secretário de Meio-Ambiente de ampliar o comitê para seis membros, com três indicados pelo COMTUR, aceita de imediato, resolveu o problema. Boa interlocução gera bons resultados.
É sempre bem-vinda a presença da iniciativa privada e de seu espírito empreendedor insubstituível ao desenvolvimento sustentável de nossa Cidade Imperial, inclusive no turismo. O avanço dessa presença livra a cidade do velho vício da dependência em relação ao setor público, sem excluí-lo obviamente daquilo que é sua função precípua. O presidente do CDL de Petrópolis, em reunião realizado em 13/05/2024, foi objetivo quanto ao papel do setor privado: “Essa participação precisa existir de forma mais presente por parte do setor empresarial”. Foi no fígado.
Não obstante, algumas intervenções de determinados participantes não revelam pleno conhecimento do que vem acontecendo no turismo nos anos mais recentes. “Uma das propostas”, segundo matéria publicada no Diário de Petrópolis, em 14/05/2024, (..) “é diagnosticar os entraves, elaborar planos para reverter o cenário e estabelecer uma metodologia e cronograma de trabalho.”
Na verdade, revela desconhecimento do Plano Diretor de Turismo – 2023- 2030, que contempla exatamente os itens listados a serem trabalhos e que está disponível na internet. Basta digitar no Google “Plano Diretor de Turismo de Petrópolis 2023-2030” que vem no ato. O plano foi feito por uma excelente equipe da UFRRJ, que já realizou trabalhos de alto nível para o governo do nosso estado. E com participação dos setores interessados em dois seminários e que custou à municipalidade R$ 175.000,00 de recursos do FUMTUR, que é dinheiro público a ser respeitado. O plano também estabelece metas a serem atingidas ao longo dos anos até 2030.
Como sabemos, planos necessitam ser monitorados para serem exitosos. Esta preocupação me levou a pautar um item de acompanhamento do PDT 2023-2024 para a próxima reunião mensal do COMTUR. Ela será realizada em 20/05/2030, segunda-feira, na Secretaria de Turismo, às 16 horas, e é sempre aberta a todos os munícipes que queiram participar. Sinta-se convidado(a).
Não faz sentido, portanto, o discurso de reinventar o turismo em Petrópolis, a não ser por razões político-partidárias. O próprio plano já se encarregou desta tarefa, inclusive estabelecendo as diretrizes e ações a serem seguidas para que Petrópolis tenha um belo futuro, articulado com o setor empresarial, na área de turismo. Novas ideias e propostas serão sempre bem-vindas numa cidade já avaliada com nota A máxima pelo Ministério do Turismo.