• Túnel extravasor: Moradores dizem que foram autorizados pela Prefeitura a retirar bens do local onde cratera deixou dois feridos

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  • Um dos feridos foi identificado por moradores como funcionário da PMP

    30/03/2022 05:00
    Por João Vitor Brum, especial para a Tribuna

    Os moradores da Rua Francisco Scali, no Quissamã, têm vivido com o constante medo de que novos trechos da via cedam. Nesta terça-feira, 29, dois homens caíram após uma cratera de cerca de quatro metros abrir na garagem de uma casa da rua. No momento em que o solo cedeu, um dos homens, identificado pelos moradores como funcionário da Prefeitura, estava ajudando na retirada de carros das residências. Nenhum deles teve ferimentos graves. De acordo com o Estado, a obra emergencial no túnel extravasor, que passa sob a região, será iniciada na semana que vem.

    Novo deslizamento ocorreu em momento sem chuva

    Os dois homens que caíram na cratera estavam ajudando a tirar o carro de um morador, após solicitações para que a Prefeitura apoiasse na retirada de bens das casas interditadas. A garagem que cedeu fica no mesmo terreno onde a Gladis Guimarães mora. A escada que dá acesso à casa dela ficou pendurada com a cratera. Para ela, o que causou maior espanto entre todos foi o fato de que não estava chovendo no momento em que o solo cedeu, o que pode significar que novas crateras ainda vão se abrir.

    “Os moradores pediram ajuda da Prefeitura e mandaram pranchas para que a gente retirasse os carros. Quando eles pisaram, o chão cedeu. Poderia ter sido eu, um vizinho. Não tinha chuva, não aconteceu nada, foi do nada. Graças a Deus nada de grave aconteceu, mas precisamos muito que a obra comece logo para que o pior não aconteça”, disse Gladis Guimarães.

    No último sábado, a Prefeitura divulgou uma recomendação para que os moradores não fiquem na região em caso de chuva. De acordo com material divulgado à imprensa, a Defesa Civil esteve no local para orientar os moradores sobre a previsão de chuva para os próximos dias, devido aos riscos de acidentes. No trecho, um prédio foi afetado e está temporariamente interditado e um táxi foi engolido por uma cratera. 

    “Estamos com técnicos dedicados à avaliação de risco nessa localidade e é importante que os moradores tenham consciência dos riscos. Medidas de segurança já estão sendo adotadas, mas de forma imediata, orientamos que os moradores das casas próximas ao túnel, não permaneçam nos imóveis”, orientou o secretário de Defesa Civil, o tenente-coronel Gil Kempers no fim de semana.

    Porém, a moradora do local explica que há famílias que preferem permanecer no local por não terem para onde ir. Enquanto a obra não começa, os moradores criaram um grupo para comunicação em caso de chuva.

    “Criamos um grupo entre os moradores, para todos poderem se comunicar sobre novas crateras ou algum lugar em risco. Todos estão apreensivos, as noites são tensas quando tem aviso de chuva, mas muitos não têm onde ficar. Temos idosos, acamados, crianças, muitas famílias aqui, e estamos nos sentindo abandonados. Todos pagamos impostos, tudo foi construído de acordo dentro das normas, então precisamos de uma solução logo”, desabafou Gladis.

    Um dos homens que caiu na cratera fraturou a perna e passou por uma cirurgia, mas passa bem. O outro teve ferimentos leves e ficou sob observação médica.

    A Prefeitura foi questionada, mas até a publicação não obtivemos resposta.

    Moradores cobram soluções urgentes

    A obra do túnel extravasor é uma importante medida de prevenção a desastres, tendo em vista que desvia as águas do Rio Palatino em situações de chuvas fortes, mas parece ter sido esquecido ao longo das décadas. O túnel tem a função de reduzir a quantidade de água do Rio Quitandinha, minimizando as condições para inundações no Centro da Cidade. 

    Na semana passada, foi realizada uma audiência entre o poder judiciário, a Prefeitura e o Governo do Estado para falar sobre a obra emergencial no túnel extravasor do Rio Palatino, nos trechos do Quissamã e da entrada do túnel, na Rua Souza Franco, no Centro. 

    Na audiência, foi definido que a responsabilidade da obra é do Estado, por meio do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), de acordo com o que determina a Lei 3.239/99 – que institui a Política Estadual de Recursos Hídricos – em que o Inea fica como o responsável pelo desassoreamento dos rios. O Estado garante que as intervenções serão iniciadas na próxima semana.

    Uma nova audiência está marcada para esta quinta-feira, na 4ª Vara Cível, para que os moradores da Rua do Túnel sejam ouvidos. 

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