Tuberculose tem 10 milhões de novos casos no mundo em 2019
A tuberculose (TB) matou 1,2 milhão de pessoas e outras 10 milhões adquiriram a doença em todo o mundo, em 2019. Os dados são do Relatório Global da Tuberculose 2020 (nome original em inglês Global Tuberculosis Report) lançado em outubro pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, segundo estimativas, outras três milhões não foram diagnosticadas com a doença ou não tiveram a notificação comunicada às autoridades de saúde.
Do total de óbitos, 208 mil pessoas vivendo com HIV (PVHIV) morreram por tuberculose no mesmo ano. Já entre o total de casos, 56% foram atribuídos a homens com 15 anos de idade ou mais. As PVHIV, por sua vez, representaram 8,2% de todas as pessoas afetadas pela TB no mundo, no mesmo período.
No entanto, o número de pessoas tratadas em todo o mundo, nos anos de 2018 e 2019, foi de 14 milhões, o que representa um acréscimo de mais de um terço da meta de cinco anos (período 2018-2022)de 40 milhões. Em 2018 e 2019, 6,3 milhões iniciaram o tratamento preventivo da doença, equivalente a um quinto da meta nesse item. O objetivo é chegar em 2022 a 30 milhões de pessoas dando início ao tratamento preventivo da TB.
Paralelamente à preocupação global no tratamento e prevenção à TB, o Ministério da Saúde do Brasil lançou, em 2018, o Protocolo de Vigilância da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis no Brasil (ILTB), implantado nos estados e municípios. Até maio de 2020, quando as informações sobre o cenário da tuberculose no Brasil foram enviadas à OMS, o protocolo já havia sido adotado em 24 estados, tendo sido a primeira vez que o Brasil reporta dados de ILTB à OMS.
O Relatório Global da OMS traz, também, o compromisso recente do Ministério da Saúde do Brasil com R$ 16 milhões em subsídios para uma chamada aberta para colaboração de projetos de pesquisa em TB entre pesquisadores do BRICS.
Brasil em números – O Brasil integra a lista dos 30 países que concentram 90% de todos os casos de tuberculose no mundo. Segundo estimativas da OMS, o país somou 96 mil novos casos em 2019, perfazendo um coeficiente de incidência de 46 casos por 100 mil habitantes, com tendência de aumento nos últimos 3 anos. Desse total, 11,4% teriam sido registrados em PVHIV, refletindo um coeficiente de incidência de coinfecção TB-HIV igual a 5,1 casos por 100 mil habitantes. A OMS indica que ocorreram 6.700 óbitos em 2019 no país, correspondendo a um coeficiente de mortalidade igual a 3,17 óbitos por 100 mil habitantes. Desse total, 26,9% teria ocorrido em pessoas coinfectadas com HIV.
Quanto à cobertura universal de saúde, dentre os países de alta carga, o Brasil foi classificado no grupo de elevados níveis de cobertura de tratamento da doença. O Relatório Global da Tuberculose 2020 aponta que ainda persistem desafios para ampliar a adesão ao tratamento e aumentar as proporções de cura da doença no país. Apesar do aumento da incidência da doença no país a partir de 2016, dentre os países de alta carga, Brasil, China e Rússia apresentaram os menores coeficientes de incidência por 100 mil habitantes: 46, 58 e 50, respectivamente.
Financiamentos – O relatório destaca que a maior parte do financiamento (85%) disponível para as ações de controle de TB em 2020 provém de fontes nacionais. É o caso do Brasil, que junto com os demais países que compõem o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), respondem por 57% dos recursos disponíveis para TB em 2020.
Ao lado de outros 11 países que respondem por cerca de metade da incidência global de TB, o Brasil está incluído no projeto IMPAACT4TB, que visa ampliar o acesso às terapia preventiva de curta duração para TB. O projeto fornece apoio a novos fabricantes de rifapentina; auxilia os países com a aquisição, registro e importação de rifapentina; e auxilia no desenvolvimento de ferramentas para identificar indivíduos elegíveis, melhorar a adesão à medicação e gerenciar eventos adversos.